Oferecemos Aulas Com Professores Nativos

A mídia é um veículo poderosíssimo de formação de opinião. Ela consegue influenciar escolhas políticas, compras de determinadas marcas, também consegue despertar interesse em assistir filmes, peças de teatro e, mais recentemente, tem feito propagandas em massa sobre a utilização de professores nativos no ensino de língua inglesa. Mas será mesmo que a aquisição de um segundo idioma, o inglês, necessita de professores nativos para que ela ocorra de maneira mais eficaz? Vamos ver se no final deste artigo vocês chegam a uma conlcusão.

Todos somos falantes nativos da língua portuguesa – exceto algumas pessoas que habitam as raríssimas tribos indígenas em que a língua mãe não é o português. Devido a dimensão continental do Brasil, nossa variedade cultural é muito extensa e isso resulta em uma riqueza de variação linguística, muito embora a gente consiga se comunicar em qualquer parte do país. Além da variação regional, encontramos uma variedade linguística muito grande dentro de cada cidade: as famosas Comunidades de Fala. É incrível o que falantes nativos de cada idioma cria com a língua justamente para identificar aqueles que fazem parte da sua comunidade (Bucholtz, 1999), do seu grupo, da sua patotinha, da panelinha. Com certeza dentro das escolas – quem é professor já notou com certeza – existem esses grupinhos e a escolha lexical pode ser um indicador de identidade daquele grupo, por exemplo, o famoso “tipo assim”. Essa expressão idiomática pode ser representante de um grupo de alunos que, para serem destacados dos demais grupos. O estudo que Bucholtz conduziu na escola analizando o comportamento linguístico de identificação de comunidade de fala dos “nerds” e dos  “atletas” é algo peculiar do idioma que somente nativos podem saber.

Assim, utilizar professores nativos no ensino de língua inglesa pode ter benefício quanto a isso. Os alunos que tiverem exposição a esse tipo de língua irão, com certeza, ter acesso às expressões idiomáticas provenientes da comunidade de fala do professor, não somente gírias, mas talvez palavras que sejam mais frequentes naquela comunidade. Mais ainda, o sotaque também vem de brinde. Só nos Estados Unidos existem centenas de variações fonéticas que também podem fazer parte de uma comunidade de fala bem exclusiva. Assim, um professor estrangeiro irá acrescentar ao processo de aquisição de língua estrangeira nada mais do que algumas expressões idiomáticas e sotaques provenientes de sua comunidade de fala, ou seja, um professor brasileiro, eu, você e seus colegas, temos perfeitas condições de ensinar inglês mesmo não sendo falantes nativos de fato. Além disso, temos uma vantagem sobre os professores nativos para balancear a carga sociolinguística que eles trazem: nós estamos inseridos no contexto dos nossos alunos e isso é um ponto importantíssimo na realização de atividades e do lesson plan, que tem maior eficácia se contextualizado.

A troca de cultura, o viés sociolinguístico do ensino de língua inglesa com professores nativos são inquestionáveis. Porém, dizer que a aquisição, de maneira geral, é melhor, mais rápida ou otimizada somente com professores nativos não é um bom argumento. A comunidade de fala existe e oferece um benefício, mas os professores de inglês brasileiros podem muito bem adquirir ou até mesmo serem inseridos nessa comunidade, no entanto entender o contexto social dos alunos brasileiros é mais complicado para os estrangeiros.

Corrigir Ou Não Corrigir? Eis A Questão.

Vocês se lembram ou já viram aquela plantinha que ao ser tocada, no mesmo instante ela se fecha toda? Pois é exatamente isso que acontece quando professores acabam oferecendo feedback aos alunos de qualquer maneira, desleixado. A correção é o momento em que os alunos realmente aprendem e esse aprendizado vai influenciar na avaliação pela qual eles irão passar.

Muitas vezes, professores acreditam que têm a fórmula mágica para correção e passam a ideia de que os alunos precisam ser corrigidos firmemente e que assim a ordem e a disciplina será mantida. Não é bem verdade, a correção tem cunho mais técnico do que comportamental e, no caso de aulas de línguas, a ordem tem um perfil diferenciado: ela é proveniente da bagunça, ou seja, os alunos vão acabar fazendo barulho pois eles têm que falar. Dessa maneira, o feedback oferecido pelo professor precisa ser passado de uma maneira bem suave, de preferência como uma sequência da atividade para que os alunos não sintam que estão sendo repreendidos muito menos castigados. Um follow-up com boa transição vai transmitir aos alunos a informação necessária para a correção dos pontos de deslize sem que os alunos olhem com aquela cara de “professor chato, me corrige a toda hora” e por diversas vezes os alunos nem precisam necessariamente perceber que estão sendo corrigidos.

De acordo com Ellis, Loewen e Erlam (2006), é durante o feedback que os alunos aprendem pois estão com sua atenção quase que total voltada para o professor além de a atividade ter acontecido momentos antes, ou seja, é fácil de os alunos relacionarem a correção àquilo que eles fizeram. Dentre os tipos de feedback “disponíveis no mercado”, o professor tem a correção explícita e implícita. Por mais redundante que seja, a forma explícita deixa evidente aos alunos que estão sendo corrigidos e a implícita não. Em feedback explícito, o aluno tem ciência da correção pois ela é diretamente endereçada ao estudante.

Aluno: Yesterday I go to the mall.

Professor: You need past tense here.

Aluno: Yesterday I went to the mall.

Em aulas com alunos mais novos ou jovens com nível de proficiência iniciante, esse tipo de feedback tende a ter mais eficácia fica evidente o que deveria ter sido realizado pelo aluno.

Já alunos com nível linguístico um pouco mais avançada (que fique claro que não estou falando dos avançados, C1 ou C2, somente), as correções podem ser feitas de maneira mais sútil sem perder a eficácia. Recasts são uma maneira bem delicada de se corrigir os alunos sem que eles tenha a noção de que estão realmente recebendo uma correção pois se encaixam na categoria de feedback implícito.

Aluno: She will going to the concert tonight.

Professor: Oh! She will go to the concert. What concert will she go to?

Aluno: She will go to Foo Fighter’s concert.

Obviamente que com o uso de recasts espera-se que o aluno perceba a forma mais adequada da língua e a reproduza na próximas vezes, mas nem sempre isso ocorre.

Quer seja explícito ou implícito, o professor precisa sempre ficar atento para que o feedeback seja oferecido de maneira sutil para não criar um bloqueio nos alunos. Além disso, correção mal feita não vai causar o efeito esperado, ou seja, aquele momento em que os alunos falam “ah… agora entendi” não vai acontecer. Não existe fórmula mágica pra correção, tudo depende do perfil analisado pelos professores e desenvolvimento de follow-ups para que as plantinhas não se fechem.