Vídeo Game + PBL + Aulas De Inglês = Diversão

As férias acabaram… Ouço a marcha fúnebre ecoar o céu cinzento do dia chuvoso que essa notícia carrega ao atingir cada um de meus colegas professores. Mas isso de maneira alguma precisa significar que a diversão acabou! Como disse um amigo meu em seu TCC: let the games begin.

Gameficação é uma das palavras do momento. Enfim educadores perceberam que transformar algumas aulas em jogos pode ser uma maneira divertida e ao mesmo eficaz para o aprendizado de nossos alunos, haja vista que a molecada adora um joguinho. Se for eletrônico então, com certeza os alunos vão se esquecer de tudo ao redor e a concentração estará 120% no videogame – falo por experiência própria, pois eu ouço reclamações similares da patroa quando jogo meu PS3. Usar videogames pode ser uma ótima experiência também para nossas aulas de inglês para podermos trabalhar a abordagem de project-based learning (PBL). Além de fazer os alunos trabalharem em longo prazo, com toda certeza eles ficarão motivados e empolgados para realizar a tarefa proposta.

O videogame per se não vai necessariamente ensinar inglês aos nossos alunos, a grande sacada de se usar jogos eletrônicos nas aulas de língua inglesa é fazer com que o aluno utilize o conhecimento da língua para que ele o aplique na hora de jogar, como apontado por James Paul Gee (2005). Em nosso curso online – ainda em fase de produção – falamos com detalhe sobre como elaborar atividades em PBL, mas vale ressaltar aqui a importância dos jogos eletrônicos para o aprendizado de nossos alunos. “Nothing happens until a player acts and makes decisions” (Gee, 2005: 34). Esse é o plano de fundo pras atividades que envolvem videogames e, mais precisamente, a aplicação de um PBL com esses jogos inclusive em sala de aula, isto é, fazer com que nossos alunos utilizem seu conhecimento em língua inglesa para tomar decisões, criar e desempenhar funções. Antes de conseguirmos aplicar um PBL, precisamos ter nossa estrutura de plano de aula bem consolidada em que o ambiente de comunicação em língua inglesa já seja normal aos nossos alunos para que a troca de informações e o compartilhamento de conhecimento aconteça. A língua é um tipo de conhecimento que adquirimos e a interação com outros alunos que estejam trabalhando em um projeto similar enriquece o processo de aquisição da língua conforme eles forem trabalhando em sala, que pode ser em dupla, trios ou grupos, depende do que você vai planejar em seu lesson plan.

Talvez você não tenha ouvido falar nesse jogo, mas certamente seus alunos já: Minecraft. Esse jogo tem atraído a atenção e o tempo da molecada e virou um big hit no mundo inteiro, inclusive entre alguns adultos. Minecraft é um jogo que está disponível para PS3, Xbox, smartphones, PCs e consiste em utilizar uma estratégia para se alcançar um objetivo pré determinado. Você precisa ir acumulando blocos diversos para criar um mundo que está dentro de sua imaginação e, de acordo com a estratégia oferecida pelo jogo (survival, creative, spectator, hardcore) você precisa construir coisas que o jogo determina para que você não seja derrotado. Em nossas aulas de inglês, podemos criar um projeto em que os alunos brinquem de Minecraft no modo survival e conforme o jogo vai oferecendo guias para que eles dêem continuidade no projeto, podemos trabalhar da seguinte maneira: explorar o léxico, ou seja, antecipadamente jogamos o jogo para conhecê-lo e anotar possíveis palavras para apresentar aos alunos na sala antes de começar o projeto. Quando eles se depararem com palavras que forem desconhecidas, eles pesquisam a definição e trazem para a sala de aula.

Também podemos trabalhar a fala dos alunos para que eles apresentem o que têm construído e o motivo de assim ter feito. isto é, a partir dessa apresentação, os alunos terão a oportunidade de utilizar palavras que eles já pesquisaram e de contar seus feitos no idioma alvo. Dessa maneira, teremos a motivação necessária que nossos alunos precisam para aprender inglês e o videogame se torna nosso aliado, sem contar que o jogo é bem interessante também. O viés educativo que Minecraft tem é tamanho que foi lançado recentemente o projeto Minecraft for Education com características especiais para serem utilizadas dentro da sala de aula e, por que não, em nossas aulas de inglês. No site, podemos encontrar outras ideias para serem replicadas ou melhoradas ou talvez ideias de aula de outras matérias que podem ser adaptadas às aulas de língua inglesa.

As férias estão acabando, mas a diversão pode e deve continuar. Surpreenda seus students com essa atividade de PBL com tecnologia envolvida já no começo do semestre. Eles vão curtir.

Tirando O Inglês Da Gaveta.

Em mais de uma década dando aulas de língua inglesa, já perdi as contas de quantas vezes ouvi pessoas (alunos, professores, coordenadores, propagandas, etc) falarem que fulano fala inglês bem ou mal. Quando comecei minha (super) carreira de professor eu não pensava sequer em me tornar um linguísta, mas sempre que ouvia algo daquele tipo, alguma coisa não me soava bem. Era como se a língua tivesse que ser realizada daquela maneira, caso contrário a pessoa seria queimada como faziam com as bruxas. Acho que não é bem assim.

Se pensarmos em termos fonéticos, claro que vamos encontrar uma linha média de pronúncia. O que viria ser essa linha média? Aquelas produções fonéticas que não causam confusão, ou seja, por mais que você seja de Piracicaba ou do Rio de Janeiro, de São Francisco ou do Texas, sua pronúncia não te levará a cair em um problema de par mínimo, isto é, aqueles pedacinhos do fonema que se forem trocados, vão formar palavras diferentes. Além de pares mínimos, podemos pensar no tema sotaque, característica extremamente regional. Inúmeras foram as vezes que ouvi alguém julgar a competência linguística em língua inglesa de uma outra pessoa por causa da pronúncia sendo que, algumas vezes, aquela produção fonética poderia ser resultado de uma exposição a um tipo de inglês desconhecido como o do norte da Inglaterra, o Escocês, Indiano, Sul Africano, etc. Contudo, dizer que uma pessoa “fala bem inglês” sob uma ótica pura e exclusivamente fonética pode dar piripaque.

Sintaxe… ah a sintaxe! Quem fez letras, como este que vos escreve, com certeza teve dias tenebrosos fazendo as árvores sintagmáticas para se analisar as estruturas frásicas. Acreditar que uma pessoa fala bem ou mal inglês em função da estrutura sintática que se é produzida é entendível, porém discutível. Se um aluno nosso produzir algo como podemos ver em (1), certamente diríamos que o aluno fala um péssimo inglês e chegaríamos a ter a pachorra de dizer que ele não é fluente se comparado com (2).

(1) *You’s cool, man.

(2) You’re cool, man.

Claro que nossa função como professores é mostrar aos nossos alunos a maneira canônica da língua vista em (2), mas julgarmos a produção de (1) como inglês péssimo e por isso não fluente é corroborar com uma visão gerativista de linguagem que, de fato, inconscientemente, atinge grande parte dos nossos colegas de profissão. Afinal, a língua não se desenrola como se fossem gavetinhas rotuladas dentro das quais só podemos colocar aquilo que está designado nos rótulos. Pode sim. Na verdade, isso vai acontecer e deve acontecer para que nossos alunos saibam explorar as nuances da linguagem e então se tornar um falante altamente competente uma vez que se terá uma pessoa capaz de se comunicar em qualquer tipo de contexto. Se reconhecermos que existem algumas comunidades de fala que apresentam frases como (1), como ‘he don’t work‘, entre outros, não passaremos vergonha ao corrigirmos nossos alunos precipitadamente e, até, de maneira esnobe, pois com certeza eles irão falar que ouviram isso vindo de um falante nativo e, pela lógica do aluno, eles têm maior credibilidade que nós. O fenômeno mais atual da língua inglesa no que tange estruturas sintáticas é o caso do I can’t even tendo even função de verbo. Isso não está na gavetinha correta hein.

Nós professores de língua inglesa precisamos dar amplitude à questão aquisição de linguagem (Rajagopalan, 1996), porque se continuarmos a engessar a produção linguística de nossos alunos, jamais iremos evoluir no quesito entendimento de linguagem de maneira geral e continuaremos com esse pressuposto preconceituoso que infelizmente assola as discussões de ensino de língua portuguesa ao não entendermos a língua como um organismo mutante carregado de proposições, ideias, pensamentos. Precisamos procurar entender onde nossos alunos querem chegar e mostrarmos as diversas maneiras de se atingir esse objetivo nos mais sortidos contextos. E você, teacher… deixa seu inglês fora da gaveta?

Around The World With English Language

Getting around to world to know it. Knowing that chopsticks are the silverware in Japan, that India has a religious perspective different from ours, knowing that Germany was once divided by a wall, that Brazil (our land) has states with no beaches. All this info play an important role in the acquisition process of a second language and having students without access to that knowledge or maybe not motivating them to acquiring such knowledge contributes to a poor performance from Brazilian students with regard to English as a second language. It’s time to make a change.

You might ask me ‘what’s the relation between learning English and knowing that Finland can go through a 6-month period without a blue sky’? Well, all possible. Starting from the awareness that the world is bigger than the community where our students live, that in certain places they may find different people speaking different languages. Thus, understanding that there places where people refer to something they liked using an expression other than ‘que da hora’ is fully relevant for ESL classes and the upcoming book of Professor Cláudia Zuppini for teachers development has an entire chapter about it. For our students with a better performance in English – or maybe those who have a clearer understanding of the language – language transfer is easier when learning that ‘que da hora’ is equivalent to ‘that’s awesome’ in English as it was mentioned before in our article about the use of native language in ESL classes. bur for the students who are still taking the first steps of the second language acquisition path – our younger students – our job finds obstacles for they don’t have the cultural knowledge yet due to their early age and sometimes the socio-financial situation of our students don’t allow the blooming of such knowledge. Thus, we teachers have double work: ring the students the cultural knowledge and turn it into linguistic knowledge, have them understand that the world is gigantic and that learning English as a second language will make the world just as close as our noisy neighbor.

How to bring together all the places of this planet and have them be close to our students given the difficulties our students have to travel and get to know the Eiffel Tower, for instance? Super easy. All it takes is a cardboard and a cutting-edge technology of virtual reality. Google has been invested in its educational department and it has just released the Expeditions, a virtual reality cardboard that let students “visit” any place in the world. Let’s try to come up with an activity for students of the first grades of elementary. The main goal here is to make students talk (of course that reading and writing are also important), so if we use this device and send our kids out in field trip to NY’s zoo, we are going to work on the acquisition of new vocabs, but in a very contextualized manner and also inserted in the syntactic structure. we can divide the class in two parts – since English classes in Brazil take place once or maybe twice a week and last 50 minutes in the average. In the first class of the week we can use our time to use the first two Ps: Presentation so we present what is new which is in our example here names of animals and sounds they produce. Then, the students can Practice with the assistance of flashcards and guidance from the teacher when they’ll tell the names of the animals they see and also the sound they make, all that in the target language. So far, everything looks simple and trivial. In the Performance phase, during the second class of the week, Google Expeditions comes in. After the presentation phase, have students “visit” NY’s zoo so that they know the animals from all parts of the world and later on present to the class the coolest animals and their sounds. as a follow-up activity, the teacher can compare the sounds animals make in Brazil with the ones in English.

The world is really big and we must try to show it the most we can to our students. Knowledge beyond community stimulates them to communicate, besides giving the students information that there are languages other than that they speak, and with regard to English, it is an international language. Travelling around the world is an impossible task to perform with all our students, but technology has come to our help. Have the students get acquainted with other cultures, it will trigger a global awareness that will definitely enhance the acquisition process of a second language.

Well-Structured Classes Give You Wings

I have already mentioned in previous articles the importance of having a 3P structure for our lesson plan, but I have never dove into this issue because otherwise we would turn a simple 500-word article into a book. However, it is possible to detail this structuring through Lecercle’s speaker/listener system and how it promotes autonomy of our students – because autonomy.

Lecercle’s communication structure (1999) establishes that a speaker utilizes cognition to organize utterances and then produce them. All this linguistic information – phonetic combination, syntactic structure, lexical choices, intention, etc – reach the listener who has the role of decoding what is being spoken, understand the information and formulate his own reply once is his turn to talk. This system turns listening into an active skill and we can do the same with our students in the classroom (that’s why I insist in saying that teacher have to develop their lesson plan and not only lean on textbooks). Making our students listen and speak gives them an opportunity to use their higher functions (cognition) to make out what is being said to them and also it allows them to produce and such production is the main step to have them work freely.

The deal here to make our students have more and more autonomy, which here is the use of English to perform tasks, is to develop our lesson plan very well and carefully. Brazil is still at the baby-step phase with regard to the implementation of student-centered culture, but we English teachers can start promoting it and dividing our classes in sections Presentation, Practice, Performance makes the assignment of this freedom to do their activities more natural and these activities are going to be developed to meet the needs of our students. In order to shorten this article and not make you doze off or lose interest and turn on the TV – I myself do doze off when texts are too long – I’m going to put the highlight on the last P, Performance. This is the phase that we teachers worry about having our students work freely. Debates, role plays, games are some of the tasks that promote students’ autonomy for, in a drilling phase, we can challenge our students with tasks which communication in the target language is essential for the activity to be successful. Our role then is to pay close attention at our students’ performances (remember that the grouping and pairing them up facilitates) without any sort of interference. After all, we seek student autonomy and having them talk, listen, understand and solve problems is our goal. If we put our hands in it, we break the whole purpose of the activity.

We sure talked about only a chunk of our lesson plan and many other things can be done in the other P-sections of our classes. However, what matters is that we create activities that are relevant and promote autonomy by speaking the target language (English in this case). This will only happen if we prepare our classes, if we teachers leave the status quo and try to commit to developing our lesson plans. The activities will certainly be positive more often for nobody knows students better than the teachers.

To Correct Or Not To Correct? That’s The Question

Have you guys ever seen that little plant that when it’s touched it closes instantly? Well, that’s exactly what happens to our students when teacher end up poorly providing feedback. Correction is the moment in which students really learn and this learning will influence the evaluation they will go through.

For times, teachers believe they have the formula for correction and support the perspective that students must receive feedback firmly for thus order and discipline will be kept. That is not true. Correction is more technical than behavioral and with regard to English classes, order has a different characteristic: it comes from noisy classes because students have to talk and express themselves. Thus, the feedback given by the teacher needs to be delicate, subtle, preferably with as a follow-up activity so that students do not feel they are being punished. A follow-up activity with a good transition will transmit to the students the necessary information for the feedback towards errors without that look of ‘what a boring teacher, he corrects me all the time’ for students not always need to know they are receiving feedback.

According to Ellis, Loewen and Erlam (2006), it is through feedback that acquisition takes place for they have almost all their attention directed to the teacher besides the activity have happened moments before, i.e. it is easy for students to relate the correction to what they said. Among the types of feedback available there are explicit and implicit feedback. As redundant as it may sound, the explicit one is evident for our students that they are being corrected whereas the explicit is not (duh, huh?). The explicit form of feedback is apparent for students there was an error or mistake for correction is directly addressed to the student.

Student: Yesterday I go to the mall.

Teacher: You need past tense here.

Student: Yesterday I went to the mall.

In classrooms with younger students or with a beginner level of proficiency, this type of feedback tends to be more effective for students are said what they should have uttered.

For students with a proficiency level a bit higher (let’s be clear here that i’m not talking about C1s or C2s only), corrections can be made subtly and yet be very effective. Recasts are also a very subtle way of correcting  our students without their noticing they are actually being corrected for recasts are part of implicit feedback category.

Student: She will going to the concert tonight.

Teacher: Oh! She will go to the concert. What concert will she go to?

Student: She will go to Foo Fighter’s concert.

Obviously, by using recasts the expectation is that the student notices the proper model of the language and reproduces it from that moment on, although that doesn’t always happen.

Whether we use explicit or implicit feedback, we have to be sure corrections will be made subtly, delicately so we do not block English in our students minds. Furthermore, poorly offered feedback will not generate the desired outcome which means that moment when students say ‘oh yeah, I got it’ will not happen. there isn’t a magic formula for feedback, it hinges on the profile of our students after a thorough scanning by the teachers and on the development of follow-up activities so that our plant do not close.

Assista Um Filme E Brinque Com Professores

As férias chegaram e todos nós professores vamos nos divertir. Iremos acordar tarde, viajar, colocar a saúde em dia, ver TV, assistir filmes no cinema. A sétima arte tem sido um meio de entretenimento fantástico, principalmente nos últimos anos, com obras de tirar o fôlego quer seja pelos efeitos especiais, quer seja pela trama. Vamos adicionar mais um ingrediente: os filmes também têm sido ótimos por causa de sua ligação com a linguística.

Sim, é incrível como a linguística tem sido abordada nos blockbusters recentes. Vamos ver essa relação. Sigam-me os bons!

Em sua primeira e estrondosa obra, Chomsky afirma que nós humanos nos diferenciamos pela nossa capacidade de falar e que essa fala é decorrente de uma função cerebral destinada exclusivamente à fala. Ou seja, quando nascemos, nosso cérebro comporta uma área de entendimento e desenvolvimento de fala, permitindo que nós humanos nos comuniquemos em qualquer idioma com um simples input. De acordo com essa teoria gerativista, possuimos a famosa gramática universal. Hollywood, que é bem esperta, percebeu que esse estudo é extremamente interessante, controverso e pioneiro e logo tratou de utilizá-lo em um de seus filmes. Se vocês assistirem o filme “Lucy”, com Scarlett Johanson e Morgan Freeman, logo no início poderão perceber que assim que a atriz tem sua cognição aumentada em função de uma nova droga, ela lê uma placa escrito em chinês (sim, ela está na China) e automaticamente entende. É claro que se trata de um filme, a cena tinha que oferecer algo impactante, mas ela leva em consideração as teorias gerativistas de aquisição de linguagem. Na cena do filme, Lucy foi pobremente exposta ao idioma, mas o fato de seu cérebro ter sofrido um avanço fantástico de performance, a gramática interna dela foi responsável pelo desenvolvimento da língua chinesa em questão de milésimos de segundos.

Em direção oposta, temos nos estudos de aquisição de linguagem trabalhos que enfatizam as interações interpessoais como sendo fatores fundamentais. Vocês se lembram do filme “Nell”? Aquele com a atriz  Jodie Foster? Então, o filme, diferentemente de “Lucy”, minimiza a inteligência e mostra o drama de uma mulher que cresceu e viveu grande parte de sua vida longe de qualquer contato com outras pessoas e por isso não fala nossa língua. De acordo com a trama do filme, essa falta de habilidade foi ocasionada através do isolamento de Nell (Jodie Foster), portanto ela não produzia nem entendia quem conversasse com ela. Essa total falta de interação interpessoal relatada no filme tem base na teoria de aquisição interacionista que pode ser encontrada nos estudos de Schumann. Seus estudos suportam que a língua é herdada pelas pessoas através da comunicação, mais precisamente por meio de imitação em seu estágio inicial. Isto é, quando crianças, simplesmente imitamos o que vemos outras pessoas (geralmente adultos) falando sem pensar, usamos ordens sintáticas primariamente porque ouvimos pessoas ao nosso redor falar assim e, caso não haja nenhum tipo de intervenção, carregaremos essa herança por nossas vidas. Nell não teve esse padrão para seguir, seu cérebro, ao contrário do que afirmou Chomsky, não possui uma área destinada ao desenvolvimento da fala que pode pormenorizar as interações sociais.

No começo dos anos 2000, surge uma nova corrente acadêmica de aquisição de linguagem: a usage-based learningDiferentemente das duas anteriormente citadas, esse estudo coloca gerativistas e interacionistas no mesmo barco, remando na mesma direção. O novo filme do “Parque dos Dinossauros”, “Jurassic World”, usa o usage-based learning de Tomasello ao mostrar como a congnição dos velociraptors aliada a interação social com um ser que oferece um tipo de comunicação diferente resulta na aquisição de uma nova linguagem. Portanto, nós professores de língua inglesa temos como trabalho oferecer aos nossos alunos o melhor modelo linguístico possível para que os alunos então reflitam sobre a língua e não somente repitam feito papagaios. Precisamos fazer com que nossos alunos aprendam a nova língua e tenham a intenção de expressar algo.

Com todas essas opções de filmes muito legais e ao mesmo tempo nos abrem os olhos para nosso trabalho como professores de línguas, que tal fazer uma pipoquinha e aproveitar um tempinho para assistir alguns filmes? A brincadeira começa agora: a cada filme que vocês assistirem e tiver plano de fundo relacionado com aquisição de linguagem, comentem aqui dizendo o nome do filme e a conexão com a linguística. Além disso, escrevam nos comentários como você tem aplicado essas teorias em suas aulas. Let’s all have fun because we’re on vacation after all.

We’re Not Robots

Me lembro que anos atrás uma propaganda de algum centro de idiomas brincava com outra rede sobre o fato de os alunos ficarem repetindo coisas feito papagaios, mecanizados. De fato, essa metodologia neurolinguísta tem suas vantagens, mas o processo de aquisição de linguagem precisa de mais. Nós aprendemos e desenvolvemos nossa fala através de repetição, imitação do que adultos falam sem necessariamente sabermos se é possível estender aquele padrão para outros exemplos da língua. Crianças fazem isso até seus 5 anos de idade em média e jovens adultos que aprendem uma língua estrangeira também apresentam o mesmo comportamento. Mas nós não somos robôs.

O que acontece com crianças e alunos de inglês como língua estrangeira é que frases formuladas são ensinadas e entendidas, no entanto nossos alunos tendem a querer utilizar o mesmo padrão linguístico para criar outras respostas. Ou seja, os alunos entendem perfeitamente a intenção comunicativa daquela frase fixa, mas eles têm tendência de querer entender as características comunicativas de cada elemento da frase e por isso vão, através de tentativa e erro,  migrando esses elementos para suas produções diversas até que eles recebam um feedback positivo e aprendam a forma mais apropriada, caso haja uma. Vamos ver se conseguimos ilustrar o que nossos alunos fazem e vejam se vocês reconhecem esse tipo de comportamento e se já passaram por algo do tipo.

(1) Thank you.

(2) Don´t mention it.

O que temos em (1) e (2) são pares comunicativos comuns de agradecimento e reconhecimento. Porém, o que nossos alunos, sejam eles crianças e adultos (menos em adultos), vão tentar fazer é entender cada elemento frásico e utilizá-los, de alguma maneira, em outros contextos que talvez não sejam adequados. Por exemplo, pode ocorrer a associação de que mention seja sinônimo de say e então pode causar confusão quando nosso alunos quiserem agradecer como podemos ver em (3) e (4).

(3) Thanks.

(4) #Don’t say it.

Ok. Repetir feito papagaios não é legal só que também não podemos nos esquecer de que o tempo de aula é bem reduzido. Como trabalhar, então, expressões linguísticas fixas tipo thank you, how are you doing, long time no see you, etc? Vamos ver se a gente consegue desenvolver uma prática legal então. Podemos utilizar fotos ou figuras de pessoas famosas variando entre políticos, artistas da TV e cinema, cantores para serem utilizadas no começo da aula no momento do aquecimento (warm up) para que nossos alunos digam quem são, o que fazem e percebam a importância de posição que cada um possui. Com isso, passamos delicadamente a noção de formalidade. Para trablharmos  o par thank you/you’re welcome e suas variáveis, induzimos o aluno a produzir o que ele já sabe para agradecimentos: pressupondo conhecimento para you’re welcome. Então oferecemos uma nova maneira com don’t mention it e passamos para a fase de prática.

Para fazer nosso alunos praticarem, podemos separá-los em duplas e, através de uma pré-produção colando fotos de rostos de pessoas famosas embaixo das carteiras dos alunos, diga para eles colocarem as “máscaras” e peçam coisas uns aos outros. Assim eles vão se divertir e praticar sem parecerem robôs. Caso algum aluno faça confusão, como no caso que mencionei no começo deste texto, estaremos atentos para que os alunos não produzam de maneira mecanizada. Afinal, o único robô que consegue falar a mesma coisa por anos e fazer sucesso é o exterminador do futuro em seus filmes.