Habemus Linguistics II

A internet tem sido a ferramenta responsável por trazer à superfície tudo que acontece de novo no mundo contemporâneo. As notícias pipocam instantaneamente e só fica alheio quem realmente opta por ficar desse jeito ou quem não brinca na rede. Por isso temos a sensação de que a internet é a culpada por estragar a língua. Ela é o veículo que nos faz perceber como a língua é mutante e como essa mutação é rápida, as novidades sempre chegam rápidas também.

Vamos fazer o seguinte trabalho de imaginação (bem fértil, por sinal): imaginem que milhares de décadas atrás já existia internet. Nossos ancestrais conseguiam avisar todos os reinos e tribos quando iria ter um ataque de animais selvagens, quando chegasse a época de colheita ou quando alguém tivesse desenvolvido uma maneira de escrita que atendesse a todos. Com certeza iriam culpar a tal da internet também por estragar qualquer que fosse o tipo de comunicação usado na época. Ao que estudos indicam, as escritas mais antigas eram pictoriais, ou seja, eram desenhos que representavam coisas e ações. Eram como se fossem os emojis que todos usamos hoje em dia. Será que os homens das cavernas também reclamaram do surgimento dessa língua pictografada dizendo “esses desenhos nas pedras estão arruinando os grunhidos que usamos para nos comunicarmos, uga buga”? Acho que não. Os emojis também não podem ser considerados inimigos da língua, eles devem ser utilizados como forte aliados inclusive no ensino de inglês, pois serviriam de ponte de transferência de significado, conectando a representatividade que o emoji passa com a língua inglesa.

Já ouviram falar de semas? São traços exclusivos de um léxico que determinam o seu significado. Difícil? Um pouquinho né. Pensem na palavra smartphone. Se eu pedisse pra você descrever pra mim essa palavra, você usaria um conjunto de características que juntas dão significado à palavra. Pois isso é um sema. Todas as palavras, expressões idiomáticas e sentenças carregam significado e têm poder atuante quando falados e os emojis não são diferentes. Eles têm ainda uma vantagem: são altamente visuais, ou seja, não dependem de uma imagem virtual da capacidade cognitiva para compreenderem o significado. Vocês se lembram do primeiro artigo dessa série? Pois falamos como a internet tem ajudado a informar as mudanças linguísticas e também como ela têm influenciado nessas mudanças. As redes sociais e os serviços de mensagem instantânea requerem objetividade na comunicação pois oferecem espaço reduzido para se escrever. No raciocínio de nossos alunos, não vale a pena usar espaço de caracteres para se escrever I love you, da maneira canônica e a fonética tomou partido e então passamos a encontrar I luv ya, luv ya e também luv u. 

Agora temos os emojis para dizer aquilo tudo. Um coraçãozinho ou uma carinha apaixonada já tem valor semântico igual ao de uma frase e precisamos saber utilizar esse recurso para nos auxiliar no ensino de língua inglesa afinal de contas, muitas vezes, principalmente quando ensinamos novos vocábulos, os alunos sabem a definição, utilizam-se dos semas para transmitir a mensagem, mas não conhecem a palavra designada. Para apresentar novas palavras também podemos utilizar os emojis e a carga semântica que eles representam numa atividade que simula o envio de uma mensagem de Whatsapp, por exemplo. Além de facilitar a compreensão de significado, emojis estão integralmente inseridos no contexto dos nossos alunos. Segundo a professora Wyvyan Evans, Bangor University, 40% dos britânicos enviam mensagens inteiramente de emojis. Parece que aquela máxima “uma imagem vale mais do que mil palavras” está mais em alta do que nunca e de fato tem lógica. Na internet ou por mensagens de celular fica muito difícil de se transmitir emoções, entonação, etc, e isso também faz parte da línguagem. Mostrar aos alunos como fazer isso num mundo em que eles são parte integrante vai motivá-los e engajá-los e quando fizermos a transição para uma escrita menos informal, eles se sentirão mais confortáveis.

Portanto, está evidente que a tecnologia e a internet está enraizada na sociedade e em nossas gerações de alunos que estão e nas que estarão dentro de nossas salas de aula. Nós professores temos que ficar cada vez mais interados nos avanços tecnológicos e nos modismos que encontramos online porque esse modismo só vai ganhar corpo por causa dos feedbacks positivos da molecada e isso vai, como Bakhtin diz, moldar a produção linguística deles, pois a internet faz parte do ambiente dos nossos alunos. Por isso, vamos entender de uma vez por todas que a língua não é estática e que a internet está enriquecendo e nos trazendo essa riqueza de bandeja.

Habemus Linguistics I

Desde os primórdios até hoje em dia… alunos querem aprender gírias. Eu confesso não entender o motivo pelo qual eles despertam essa curiosidade que passa de geração para geração de alunos. Apesar disso, o que importa é que eles querem saber, gírias fazem parte da língua e não, elas definitivamente não estragam a língua qualquer que seja ela. Também nego o argumento que a internet tem destruído a língua – afinal ela é considerada a responsável direta pela metamorfose acelerada da língua, criando, então, cada vez mais gírias. E o que nós, teachers, temos a ver com isso tudo? Muito.

Em nosso recente artigo “Tirando o Inglês da Gaveta”, falamos sobre a possibilidade de brincarmos com a língua e mesmo assim continuarmos proficientes. Bem, por mais que você seja contra essa perspectiva, acho interessante que você se acostume a relevar algumas produções orais dos students que antes eram vistas como “erradas”. Já comentamos sobre o novo uso da palavra because cobrindo função de preposição, mas o que estamos presenciando todos os dias é um ataque em massa de criatividade linguística que nós teachers precisamos, mais do que nunca, estar atentos para sabermos se a produção de um aluno não se trata de uma nova gíria e, caso realmente seja, se o contexto em que a gíria foi falada de fato está de acordo. Essa é a função que os professores têm: mostrar aos nossos alunos que a lingua tem uma infinidade de possibilidades, mas que existem situações em que se é necessário utilizar determinadas formas. É como sempre falo “se formos a um churrasco, usamos bermuda e chinelo, mas em uma reunião de negócios, precisamos de trajes mais formais”. Esse é o espírito quando ouvirmos nosso alunos falarem (1) e (2), posicionarmos o momento mais apropriado para tal.

(1)That film is amaze.

(2)Totes.

Notem que eu não utilizei o símbolo de “não-semântico”, pois existem muitos exemplos de produções desse tipo, portanto considero que essas gírias já fazem parte do cotidiano linguístico de uma comunidade. O caso apresentado em (1) não foi considerado agramatical também pelo mesmo motivo anteriormente citado. Mais ainda, embora amaze seja uma abreviação de amazing, exercendo função sintática de adjetivo, podemos levar em consideração que essa seja uma palavra nova, eliminando qualquer tipo de confusão com o verbo amaze que, então, tornaria a frase agramatical.

Ok. Aí você pode me perguntar: mas o que isso tem de novidade pra mim? A grande novidade é a origem disso tudo, a internet. Essa criação maravilhosa do homem que conecta tudo a tudo e a todos tem nos mostrado, escancarado como a língua é um organismo mutante. O Twitter, por exemplo, é um grande causador de mudança linguística. Quem gosta de tuitar com frequência sabe que o número de caracteres disponível é altamente limitado o que força nossos alunos a se expressarem de maneira mais objetiva e reduzida, gerando uma metamorfose na língua que deixaria Raul Seixas com uma bela dor de cotovelo. Por isso que temos os famoso OMG, LOL e isso de maneira nenhuma deve ser encarado como uma derrota da língua, mas sim como um fator de enriquecimento dela. Imaginem quão criativos nossos alunos têm que ser para transmitir uma mensagem num curto espaço. Com esse cenário, óbvio que iremos ter abreviações como IDK, uso de reduções como gonna, gotta, wanna, shoulda, woulda e, por que não, mudanças sintáticas que acabam se confundindo com gírias que fazem parte de algumas comunidades de fala. E sim… nossos alunos vão querer “falar errado” simplesmente porque é muito “da hora”. Bucholtz já escreveu sobre isso brilhantemente.

Contudo, my fellow teachers, nós temos a obrigação (porque somos profissionais) de estarmos sempre em contato com o mundo virtual, pois ele se materializa no mundo real e faz com que nossos alunos criem palavras, abreviem sua fala, brinquem com a língua. Por isso, repito, a internet não está arruinando a fala de nossos alunos, ela só está passando por mudanças, normal na fase de adolescência, e com ela vemos um novo tipo de linguagem, pictorial às vezes, que facilitam a comunicação.

Having Our English Outside The box

In over a decade teaching English, I have lost count of the many times people (students, teachers, principals, TV ads, etc) told that someone speaks good or bad English. By the time I started my (super duper) career as an English teacher, becoming a linguist was not even an option,  but every time I heard something like that it did not sound good. It was as if language had to be performed in a specific manner otherwise the speaker would be burned like a witch. I do not think this is the way.

Thinking about phonetic symbols we will certainly find a an average line for pronunciation. What would this line turn out to be? Those utterances that cause no confusion, so whether you are from the countryside or the capital, Texas or San Francisco, your pronunciation will not lead you to a minimal pair situation, i.e. those small phoneme chunks that once misplaced will generate different words. In addition to minimal pairs, we can think about accent issue, a very regional linguistic feature. For countless times I also heard people (mis)judging another person’s linguistic competence due to the accent being that maybe that funny sound coming from someone’s mouth is the result of an exposure to an English that comes from northern England, Scotland, ?India, South Africa and maybe that person did not know that. Thus, saying a person speaks “good” English under a fully phonetic perspective may cause some breakdown.

Syntax, oh my beloved syntax! Those who have a linguistic educational background just like this poor writer for sure had dark days doodling syntactic trees to analyze phrases. Believing that a person is a good or bad English speaker leaning upon the syntactic elements noted in a person’s speech is understandable yet arguable. If one of our students uttered something like (1), we would certainly say that he or she is a terrible English speaker and we would even say that the student is not proficient if we compare it with (2) – nonsense!

(1) *You’s cool, man.

(2) You’re cool, man.

Of course our role as teachers is to show our students the language’s canonical manner as can be seen in (2), but labeling (1) as awful and non-proficient English is agreeing with a generative perspective of language, which in fact, even if unconsciously, is part of the behavior some of my peers have. Language does not develop as if there were labelled boxes where we can only put things that are specified in the label. As a matter of fact we can play with the boxes and their content, actually this will happen so that our students know how to explore every characteristic of the language and then they will become a highly skilled speaker once he or she will have become able to to communicate in any sort of context. If we acknowledge that there are some speech community where (1), ‘he don’t work’ among others are accepted, we will not be embarrassed by our students when we hastly correct them – with some kind of arrogant air – because they will certainly say that they had heard that type of utterance from a native speaker which, by our students’ logic, native speakers have more credibility than us. A current phenomenon that portrays metamorphosis in the language is the teen-famous ‘I can’t even‘, where ‘even’ plays a verb. This is not in the correct box, but it is certainly not considered non-proficient.

We teachers have to broaden the matter of language acquisition (Rajagopalan, 1996), because if we keep framing our students’ utterances we will never evolve in the concerns of language in general and we will remain with the biased behavior projecting language as a steady organism that does not carry any proposition, ideas, thoughts and this unfortunately has set the tone of the discussions involving native language teaching in Brazil. We need to try to understand what our students’ point is and then show them the many ways they can achieve their goal in varied contexts. What about you, teacher? How do you have your English outside the box?

Por Que Não Investem Na Gente?

De tempos em tempos é bom dar uma parada, sair de dentro do calabouço para se ter uma visão macro de tudo que anda acontecendo ao nosso redor. O cenário brasileiro anda estremecido, quase caindo, em todos os aspectos e, claro, o educacional vai no embalo. Mas… será que é por isso que as escolas não têm investido tanto no ensino de língua inglesa?

Vamos então aos fatos, porque senão vai parecer falácia, choradeira ou, de um jeito mais esdrúchulo, vai parecer mimimi. Nosso país conta com um pouco mais de 300 mil professores de língua inglesa dentro dos Ensinos Fundamentais e Médio de acordo com o senso do Ministério da Educação (MEC). Isto é, são 300 mil profissionais que todos os dias têm que preparar suas aulas para ensinar os mais de dezenas de milhões de alunos que o país tem. São poucos profissionais para muitos alunos, ou seja, precisamos repensar a estratégia desse número para que se formem cada vez mais professores de língua inglesa. Para isso, é necessário investimento público e privado de práticas de capacitação desses professores tanto linguística quanto pedagógica.

Desses 300 mil heróis que trabalham com ensino de língua inglesa, cerca de 10% tem formação em ensino de inglês. Vale colocar uma atenção dupla nessa informação: porque poucos professores de inglês são formados por falta de incentivo – incentivo não somente salarial, mas de condições de aprimoramento, intercâmbio com o que acontece no mundo, acesso aos estudos acadêmicos de aquisição de língua estrangeira, etc – as escolas acabam procurando por profissionais que têm algum conhecimento para suplantar esse gap de profissionais, aumentando o número de professores de inglês sem formação. Vamos fazer uma analogia pra deixar a coisa mais didática. Imaginem a Mercedes-Benz, gigante do setor automobilístico mundial, tendo problemas em achar bons engenheiros para desenvolver seus carros luxuosos e altamente qualificados. Para continuarem na atividade, para não fecharem as portas, a Mercedes então começa a contratar para o trabalho de engenharia físicos que tenham algum conhecimento de mecânica. Com toda certeza os carros sofreriam uma queda abrupta de qualidade.

O que deveria ser feito, então, era bombardear os professores com ofertas de capacitação profissional especializada em ensino de língua estrangeira de qualidade para que os 10% que têm formação na área se reciclem e estejam em constante contato com estudos e materiais relacionados ao ensino de língua inglesa e para que os 90% que não tem formação, tenha um norte. Só que infelizmente isso não tem sido feito. Por algum motivo obscuro, as escolas, públicas ou particulares, não oferecem capacitação aos professores de língua inglesa, eles deixam esse desenvolvimento na responsabilidade dos professores, ou seja, se os professores quiserem ser melhores, eles procuram cursos, workshops e treinamento por conta própria, caso contrário, o rendimento das aulas de inglês continuará o mesmo. O que causa maior estranheza é justamente a escola ou a secretaria de ensino não ficarem preocupadas em disponibilizar recursos para que os professores de inglês os usufram. Surpreendentemente, muitos pormenorizam trabalhos de capacitação alegando que as aulas de língua inglesa estão gerando ótimos resultados. Pois então tem alguma coisa errada no número da nota geral do instituto Global English, haja vista que o Brasil obteve média de 3,27 em fluência de língua inglesa, se colocando na posição 70 dentre os 78 países analisados, de acordo com o site valor.com.br.

Todos no Brasil sabem muito bem a importância que a língua inglesa tem, pelo menos, no futuro profissional de uma pessoa. Além disso, ser bilíngue oferece vantagens cognitivas de raciocínio e controle. Não obstante, termos um ensino de língua inglesa de qualidade nas escolas, abre portas para o mundo e expande consideravelmente o conhecimento cultural de nossos alunos. Só que tudo isso não acontece se nossos professores não estiverem preparados para isso. Alguns sistemas de ensino oferecem workshops relativamente interessantes, mas infelizmente são com pouca frequência durante o ano e, na maioria das vezes, sempre relacionados ao material didático, nada que capacite os professores para trabalharem em qualquer escola ou qualquer material didático. Ok, pelo menos é um começo. Agora, deixar os professores responsáveis por procurarem capacitação é ser totalmente conivente com os resultados muito abaixo do satisfatório. Já temos que preparar aulas, trabalhar em duas, às vezes até três escolas e lidar com vários alunos. Jogar essa batata quente no nosso colo não é muito justo.

Se quisessem, mesmo, oferecer um ensino de língua inglesa de qualidade, os responsáveis pelas escolas, repito, sejam elas públicas ou particulares, deveriam oferecer essa capacitação aos professores, porque as escolas que ganham com esse desenvolvimento. Professores bons geram alunos ótimos, alunos ótimos geram futuros promissores, mas as escolas continuam afirmando que suas aulas de inglês são muito boas e, portanto, não precisam decapacitação para professores. Dito tudo isso pergunto: por que não investem na gente?

Vídeo Game + PBL + Aulas De Inglês = Diversão

As férias acabaram… Ouço a marcha fúnebre ecoar o céu cinzento do dia chuvoso que essa notícia carrega ao atingir cada um de meus colegas professores. Mas isso de maneira alguma precisa significar que a diversão acabou! Como disse um amigo meu em seu TCC: let the games begin.

Gameficação é uma das palavras do momento. Enfim educadores perceberam que transformar algumas aulas em jogos pode ser uma maneira divertida e ao mesmo eficaz para o aprendizado de nossos alunos, haja vista que a molecada adora um joguinho. Se for eletrônico então, com certeza os alunos vão se esquecer de tudo ao redor e a concentração estará 120% no videogame – falo por experiência própria, pois eu ouço reclamações similares da patroa quando jogo meu PS3. Usar videogames pode ser uma ótima experiência também para nossas aulas de inglês para podermos trabalhar a abordagem de project-based learning (PBL). Além de fazer os alunos trabalharem em longo prazo, com toda certeza eles ficarão motivados e empolgados para realizar a tarefa proposta.

O videogame per se não vai necessariamente ensinar inglês aos nossos alunos, a grande sacada de se usar jogos eletrônicos nas aulas de língua inglesa é fazer com que o aluno utilize o conhecimento da língua para que ele o aplique na hora de jogar, como apontado por James Paul Gee (2005). Em nosso curso online – ainda em fase de produção – falamos com detalhe sobre como elaborar atividades em PBL, mas vale ressaltar aqui a importância dos jogos eletrônicos para o aprendizado de nossos alunos. “Nothing happens until a player acts and makes decisions” (Gee, 2005: 34). Esse é o plano de fundo pras atividades que envolvem videogames e, mais precisamente, a aplicação de um PBL com esses jogos inclusive em sala de aula, isto é, fazer com que nossos alunos utilizem seu conhecimento em língua inglesa para tomar decisões, criar e desempenhar funções. Antes de conseguirmos aplicar um PBL, precisamos ter nossa estrutura de plano de aula bem consolidada em que o ambiente de comunicação em língua inglesa já seja normal aos nossos alunos para que a troca de informações e o compartilhamento de conhecimento aconteça. A língua é um tipo de conhecimento que adquirimos e a interação com outros alunos que estejam trabalhando em um projeto similar enriquece o processo de aquisição da língua conforme eles forem trabalhando em sala, que pode ser em dupla, trios ou grupos, depende do que você vai planejar em seu lesson plan.

Talvez você não tenha ouvido falar nesse jogo, mas certamente seus alunos já: Minecraft. Esse jogo tem atraído a atenção e o tempo da molecada e virou um big hit no mundo inteiro, inclusive entre alguns adultos. Minecraft é um jogo que está disponível para PS3, Xbox, smartphones, PCs e consiste em utilizar uma estratégia para se alcançar um objetivo pré determinado. Você precisa ir acumulando blocos diversos para criar um mundo que está dentro de sua imaginação e, de acordo com a estratégia oferecida pelo jogo (survival, creative, spectator, hardcore) você precisa construir coisas que o jogo determina para que você não seja derrotado. Em nossas aulas de inglês, podemos criar um projeto em que os alunos brinquem de Minecraft no modo survival e conforme o jogo vai oferecendo guias para que eles dêem continuidade no projeto, podemos trabalhar da seguinte maneira: explorar o léxico, ou seja, antecipadamente jogamos o jogo para conhecê-lo e anotar possíveis palavras para apresentar aos alunos na sala antes de começar o projeto. Quando eles se depararem com palavras que forem desconhecidas, eles pesquisam a definição e trazem para a sala de aula.

Também podemos trabalhar a fala dos alunos para que eles apresentem o que têm construído e o motivo de assim ter feito. isto é, a partir dessa apresentação, os alunos terão a oportunidade de utilizar palavras que eles já pesquisaram e de contar seus feitos no idioma alvo. Dessa maneira, teremos a motivação necessária que nossos alunos precisam para aprender inglês e o videogame se torna nosso aliado, sem contar que o jogo é bem interessante também. O viés educativo que Minecraft tem é tamanho que foi lançado recentemente o projeto Minecraft for Education com características especiais para serem utilizadas dentro da sala de aula e, por que não, em nossas aulas de inglês. No site, podemos encontrar outras ideias para serem replicadas ou melhoradas ou talvez ideias de aula de outras matérias que podem ser adaptadas às aulas de língua inglesa.

As férias estão acabando, mas a diversão pode e deve continuar. Surpreenda seus students com essa atividade de PBL com tecnologia envolvida já no começo do semestre. Eles vão curtir.

Tirando O Inglês Da Gaveta.

Em mais de uma década dando aulas de língua inglesa, já perdi as contas de quantas vezes ouvi pessoas (alunos, professores, coordenadores, propagandas, etc) falarem que fulano fala inglês bem ou mal. Quando comecei minha (super) carreira de professor eu não pensava sequer em me tornar um linguísta, mas sempre que ouvia algo daquele tipo, alguma coisa não me soava bem. Era como se a língua tivesse que ser realizada daquela maneira, caso contrário a pessoa seria queimada como faziam com as bruxas. Acho que não é bem assim.

Se pensarmos em termos fonéticos, claro que vamos encontrar uma linha média de pronúncia. O que viria ser essa linha média? Aquelas produções fonéticas que não causam confusão, ou seja, por mais que você seja de Piracicaba ou do Rio de Janeiro, de São Francisco ou do Texas, sua pronúncia não te levará a cair em um problema de par mínimo, isto é, aqueles pedacinhos do fonema que se forem trocados, vão formar palavras diferentes. Além de pares mínimos, podemos pensar no tema sotaque, característica extremamente regional. Inúmeras foram as vezes que ouvi alguém julgar a competência linguística em língua inglesa de uma outra pessoa por causa da pronúncia sendo que, algumas vezes, aquela produção fonética poderia ser resultado de uma exposição a um tipo de inglês desconhecido como o do norte da Inglaterra, o Escocês, Indiano, Sul Africano, etc. Contudo, dizer que uma pessoa “fala bem inglês” sob uma ótica pura e exclusivamente fonética pode dar piripaque.

Sintaxe… ah a sintaxe! Quem fez letras, como este que vos escreve, com certeza teve dias tenebrosos fazendo as árvores sintagmáticas para se analisar as estruturas frásicas. Acreditar que uma pessoa fala bem ou mal inglês em função da estrutura sintática que se é produzida é entendível, porém discutível. Se um aluno nosso produzir algo como podemos ver em (1), certamente diríamos que o aluno fala um péssimo inglês e chegaríamos a ter a pachorra de dizer que ele não é fluente se comparado com (2).

(1) *You’s cool, man.

(2) You’re cool, man.

Claro que nossa função como professores é mostrar aos nossos alunos a maneira canônica da língua vista em (2), mas julgarmos a produção de (1) como inglês péssimo e por isso não fluente é corroborar com uma visão gerativista de linguagem que, de fato, inconscientemente, atinge grande parte dos nossos colegas de profissão. Afinal, a língua não se desenrola como se fossem gavetinhas rotuladas dentro das quais só podemos colocar aquilo que está designado nos rótulos. Pode sim. Na verdade, isso vai acontecer e deve acontecer para que nossos alunos saibam explorar as nuances da linguagem e então se tornar um falante altamente competente uma vez que se terá uma pessoa capaz de se comunicar em qualquer tipo de contexto. Se reconhecermos que existem algumas comunidades de fala que apresentam frases como (1), como ‘he don’t work‘, entre outros, não passaremos vergonha ao corrigirmos nossos alunos precipitadamente e, até, de maneira esnobe, pois com certeza eles irão falar que ouviram isso vindo de um falante nativo e, pela lógica do aluno, eles têm maior credibilidade que nós. O fenômeno mais atual da língua inglesa no que tange estruturas sintáticas é o caso do I can’t even tendo even função de verbo. Isso não está na gavetinha correta hein.

Nós professores de língua inglesa precisamos dar amplitude à questão aquisição de linguagem (Rajagopalan, 1996), porque se continuarmos a engessar a produção linguística de nossos alunos, jamais iremos evoluir no quesito entendimento de linguagem de maneira geral e continuaremos com esse pressuposto preconceituoso que infelizmente assola as discussões de ensino de língua portuguesa ao não entendermos a língua como um organismo mutante carregado de proposições, ideias, pensamentos. Precisamos procurar entender onde nossos alunos querem chegar e mostrarmos as diversas maneiras de se atingir esse objetivo nos mais sortidos contextos. E você, teacher… deixa seu inglês fora da gaveta?

Around The World With English Language

Getting around to world to know it. Knowing that chopsticks are the silverware in Japan, that India has a religious perspective different from ours, knowing that Germany was once divided by a wall, that Brazil (our land) has states with no beaches. All this info play an important role in the acquisition process of a second language and having students without access to that knowledge or maybe not motivating them to acquiring such knowledge contributes to a poor performance from Brazilian students with regard to English as a second language. It’s time to make a change.

You might ask me ‘what’s the relation between learning English and knowing that Finland can go through a 6-month period without a blue sky’? Well, all possible. Starting from the awareness that the world is bigger than the community where our students live, that in certain places they may find different people speaking different languages. Thus, understanding that there places where people refer to something they liked using an expression other than ‘que da hora’ is fully relevant for ESL classes and the upcoming book of Professor Cláudia Zuppini for teachers development has an entire chapter about it. For our students with a better performance in English – or maybe those who have a clearer understanding of the language – language transfer is easier when learning that ‘que da hora’ is equivalent to ‘that’s awesome’ in English as it was mentioned before in our article about the use of native language in ESL classes. bur for the students who are still taking the first steps of the second language acquisition path – our younger students – our job finds obstacles for they don’t have the cultural knowledge yet due to their early age and sometimes the socio-financial situation of our students don’t allow the blooming of such knowledge. Thus, we teachers have double work: ring the students the cultural knowledge and turn it into linguistic knowledge, have them understand that the world is gigantic and that learning English as a second language will make the world just as close as our noisy neighbor.

How to bring together all the places of this planet and have them be close to our students given the difficulties our students have to travel and get to know the Eiffel Tower, for instance? Super easy. All it takes is a cardboard and a cutting-edge technology of virtual reality. Google has been invested in its educational department and it has just released the Expeditions, a virtual reality cardboard that let students “visit” any place in the world. Let’s try to come up with an activity for students of the first grades of elementary. The main goal here is to make students talk (of course that reading and writing are also important), so if we use this device and send our kids out in field trip to NY’s zoo, we are going to work on the acquisition of new vocabs, but in a very contextualized manner and also inserted in the syntactic structure. we can divide the class in two parts – since English classes in Brazil take place once or maybe twice a week and last 50 minutes in the average. In the first class of the week we can use our time to use the first two Ps: Presentation so we present what is new which is in our example here names of animals and sounds they produce. Then, the students can Practice with the assistance of flashcards and guidance from the teacher when they’ll tell the names of the animals they see and also the sound they make, all that in the target language. So far, everything looks simple and trivial. In the Performance phase, during the second class of the week, Google Expeditions comes in. After the presentation phase, have students “visit” NY’s zoo so that they know the animals from all parts of the world and later on present to the class the coolest animals and their sounds. as a follow-up activity, the teacher can compare the sounds animals make in Brazil with the ones in English.

The world is really big and we must try to show it the most we can to our students. Knowledge beyond community stimulates them to communicate, besides giving the students information that there are languages other than that they speak, and with regard to English, it is an international language. Travelling around the world is an impossible task to perform with all our students, but technology has come to our help. Have the students get acquainted with other cultures, it will trigger a global awareness that will definitely enhance the acquisition process of a second language.

Well-Structured Classes Give You Wings

I have already mentioned in previous articles the importance of having a 3P structure for our lesson plan, but I have never dove into this issue because otherwise we would turn a simple 500-word article into a book. However, it is possible to detail this structuring through Lecercle’s speaker/listener system and how it promotes autonomy of our students – because autonomy.

Lecercle’s communication structure (1999) establishes that a speaker utilizes cognition to organize utterances and then produce them. All this linguistic information – phonetic combination, syntactic structure, lexical choices, intention, etc – reach the listener who has the role of decoding what is being spoken, understand the information and formulate his own reply once is his turn to talk. This system turns listening into an active skill and we can do the same with our students in the classroom (that’s why I insist in saying that teacher have to develop their lesson plan and not only lean on textbooks). Making our students listen and speak gives them an opportunity to use their higher functions (cognition) to make out what is being said to them and also it allows them to produce and such production is the main step to have them work freely.

The deal here to make our students have more and more autonomy, which here is the use of English to perform tasks, is to develop our lesson plan very well and carefully. Brazil is still at the baby-step phase with regard to the implementation of student-centered culture, but we English teachers can start promoting it and dividing our classes in sections Presentation, Practice, Performance makes the assignment of this freedom to do their activities more natural and these activities are going to be developed to meet the needs of our students. In order to shorten this article and not make you doze off or lose interest and turn on the TV – I myself do doze off when texts are too long – I’m going to put the highlight on the last P, Performance. This is the phase that we teachers worry about having our students work freely. Debates, role plays, games are some of the tasks that promote students’ autonomy for, in a drilling phase, we can challenge our students with tasks which communication in the target language is essential for the activity to be successful. Our role then is to pay close attention at our students’ performances (remember that the grouping and pairing them up facilitates) without any sort of interference. After all, we seek student autonomy and having them talk, listen, understand and solve problems is our goal. If we put our hands in it, we break the whole purpose of the activity.

We sure talked about only a chunk of our lesson plan and many other things can be done in the other P-sections of our classes. However, what matters is that we create activities that are relevant and promote autonomy by speaking the target language (English in this case). This will only happen if we prepare our classes, if we teachers leave the status quo and try to commit to developing our lesson plans. The activities will certainly be positive more often for nobody knows students better than the teachers.

To Correct Or Not To Correct? That’s The Question

Have you guys ever seen that little plant that when it’s touched it closes instantly? Well, that’s exactly what happens to our students when teacher end up poorly providing feedback. Correction is the moment in which students really learn and this learning will influence the evaluation they will go through.

For times, teachers believe they have the formula for correction and support the perspective that students must receive feedback firmly for thus order and discipline will be kept. That is not true. Correction is more technical than behavioral and with regard to English classes, order has a different characteristic: it comes from noisy classes because students have to talk and express themselves. Thus, the feedback given by the teacher needs to be delicate, subtle, preferably with as a follow-up activity so that students do not feel they are being punished. A follow-up activity with a good transition will transmit to the students the necessary information for the feedback towards errors without that look of ‘what a boring teacher, he corrects me all the time’ for students not always need to know they are receiving feedback.

According to Ellis, Loewen and Erlam (2006), it is through feedback that acquisition takes place for they have almost all their attention directed to the teacher besides the activity have happened moments before, i.e. it is easy for students to relate the correction to what they said. Among the types of feedback available there are explicit and implicit feedback. As redundant as it may sound, the explicit one is evident for our students that they are being corrected whereas the explicit is not (duh, huh?). The explicit form of feedback is apparent for students there was an error or mistake for correction is directly addressed to the student.

Student: Yesterday I go to the mall.

Teacher: You need past tense here.

Student: Yesterday I went to the mall.

In classrooms with younger students or with a beginner level of proficiency, this type of feedback tends to be more effective for students are said what they should have uttered.

For students with a proficiency level a bit higher (let’s be clear here that i’m not talking about C1s or C2s only), corrections can be made subtly and yet be very effective. Recasts are also a very subtle way of correcting  our students without their noticing they are actually being corrected for recasts are part of implicit feedback category.

Student: She will going to the concert tonight.

Teacher: Oh! She will go to the concert. What concert will she go to?

Student: She will go to Foo Fighter’s concert.

Obviously, by using recasts the expectation is that the student notices the proper model of the language and reproduces it from that moment on, although that doesn’t always happen.

Whether we use explicit or implicit feedback, we have to be sure corrections will be made subtly, delicately so we do not block English in our students minds. Furthermore, poorly offered feedback will not generate the desired outcome which means that moment when students say ‘oh yeah, I got it’ will not happen. there isn’t a magic formula for feedback, it hinges on the profile of our students after a thorough scanning by the teachers and on the development of follow-up activities so that our plant do not close.

Assista Um Filme E Brinque Com Professores

As férias chegaram e todos nós professores vamos nos divertir. Iremos acordar tarde, viajar, colocar a saúde em dia, ver TV, assistir filmes no cinema. A sétima arte tem sido um meio de entretenimento fantástico, principalmente nos últimos anos, com obras de tirar o fôlego quer seja pelos efeitos especiais, quer seja pela trama. Vamos adicionar mais um ingrediente: os filmes também têm sido ótimos por causa de sua ligação com a linguística.

Sim, é incrível como a linguística tem sido abordada nos blockbusters recentes. Vamos ver essa relação. Sigam-me os bons!

Em sua primeira e estrondosa obra, Chomsky afirma que nós humanos nos diferenciamos pela nossa capacidade de falar e que essa fala é decorrente de uma função cerebral destinada exclusivamente à fala. Ou seja, quando nascemos, nosso cérebro comporta uma área de entendimento e desenvolvimento de fala, permitindo que nós humanos nos comuniquemos em qualquer idioma com um simples input. De acordo com essa teoria gerativista, possuimos a famosa gramática universal. Hollywood, que é bem esperta, percebeu que esse estudo é extremamente interessante, controverso e pioneiro e logo tratou de utilizá-lo em um de seus filmes. Se vocês assistirem o filme “Lucy”, com Scarlett Johanson e Morgan Freeman, logo no início poderão perceber que assim que a atriz tem sua cognição aumentada em função de uma nova droga, ela lê uma placa escrito em chinês (sim, ela está na China) e automaticamente entende. É claro que se trata de um filme, a cena tinha que oferecer algo impactante, mas ela leva em consideração as teorias gerativistas de aquisição de linguagem. Na cena do filme, Lucy foi pobremente exposta ao idioma, mas o fato de seu cérebro ter sofrido um avanço fantástico de performance, a gramática interna dela foi responsável pelo desenvolvimento da língua chinesa em questão de milésimos de segundos.

Em direção oposta, temos nos estudos de aquisição de linguagem trabalhos que enfatizam as interações interpessoais como sendo fatores fundamentais. Vocês se lembram do filme “Nell”? Aquele com a atriz  Jodie Foster? Então, o filme, diferentemente de “Lucy”, minimiza a inteligência e mostra o drama de uma mulher que cresceu e viveu grande parte de sua vida longe de qualquer contato com outras pessoas e por isso não fala nossa língua. De acordo com a trama do filme, essa falta de habilidade foi ocasionada através do isolamento de Nell (Jodie Foster), portanto ela não produzia nem entendia quem conversasse com ela. Essa total falta de interação interpessoal relatada no filme tem base na teoria de aquisição interacionista que pode ser encontrada nos estudos de Schumann. Seus estudos suportam que a língua é herdada pelas pessoas através da comunicação, mais precisamente por meio de imitação em seu estágio inicial. Isto é, quando crianças, simplesmente imitamos o que vemos outras pessoas (geralmente adultos) falando sem pensar, usamos ordens sintáticas primariamente porque ouvimos pessoas ao nosso redor falar assim e, caso não haja nenhum tipo de intervenção, carregaremos essa herança por nossas vidas. Nell não teve esse padrão para seguir, seu cérebro, ao contrário do que afirmou Chomsky, não possui uma área destinada ao desenvolvimento da fala que pode pormenorizar as interações sociais.

No começo dos anos 2000, surge uma nova corrente acadêmica de aquisição de linguagem: a usage-based learningDiferentemente das duas anteriormente citadas, esse estudo coloca gerativistas e interacionistas no mesmo barco, remando na mesma direção. O novo filme do “Parque dos Dinossauros”, “Jurassic World”, usa o usage-based learning de Tomasello ao mostrar como a congnição dos velociraptors aliada a interação social com um ser que oferece um tipo de comunicação diferente resulta na aquisição de uma nova linguagem. Portanto, nós professores de língua inglesa temos como trabalho oferecer aos nossos alunos o melhor modelo linguístico possível para que os alunos então reflitam sobre a língua e não somente repitam feito papagaios. Precisamos fazer com que nossos alunos aprendam a nova língua e tenham a intenção de expressar algo.

Com todas essas opções de filmes muito legais e ao mesmo tempo nos abrem os olhos para nosso trabalho como professores de línguas, que tal fazer uma pipoquinha e aproveitar um tempinho para assistir alguns filmes? A brincadeira começa agora: a cada filme que vocês assistirem e tiver plano de fundo relacionado com aquisição de linguagem, comentem aqui dizendo o nome do filme e a conexão com a linguística. Além disso, escrevam nos comentários como você tem aplicado essas teorias em suas aulas. Let’s all have fun because we’re on vacation after all.