Assista Um Filme E Brinque Com Professores

As férias chegaram e todos nós professores vamos nos divertir. Iremos acordar tarde, viajar, colocar a saúde em dia, ver TV, assistir filmes no cinema. A sétima arte tem sido um meio de entretenimento fantástico, principalmente nos últimos anos, com obras de tirar o fôlego quer seja pelos efeitos especiais, quer seja pela trama. Vamos adicionar mais um ingrediente: os filmes também têm sido ótimos por causa de sua ligação com a linguística.

Sim, é incrível como a linguística tem sido abordada nos blockbusters recentes. Vamos ver essa relação. Sigam-me os bons!

Em sua primeira e estrondosa obra, Chomsky afirma que nós humanos nos diferenciamos pela nossa capacidade de falar e que essa fala é decorrente de uma função cerebral destinada exclusivamente à fala. Ou seja, quando nascemos, nosso cérebro comporta uma área de entendimento e desenvolvimento de fala, permitindo que nós humanos nos comuniquemos em qualquer idioma com um simples input. De acordo com essa teoria gerativista, possuimos a famosa gramática universal. Hollywood, que é bem esperta, percebeu que esse estudo é extremamente interessante, controverso e pioneiro e logo tratou de utilizá-lo em um de seus filmes. Se vocês assistirem o filme “Lucy”, com Scarlett Johanson e Morgan Freeman, logo no início poderão perceber que assim que a atriz tem sua cognição aumentada em função de uma nova droga, ela lê uma placa escrito em chinês (sim, ela está na China) e automaticamente entende. É claro que se trata de um filme, a cena tinha que oferecer algo impactante, mas ela leva em consideração as teorias gerativistas de aquisição de linguagem. Na cena do filme, Lucy foi pobremente exposta ao idioma, mas o fato de seu cérebro ter sofrido um avanço fantástico de performance, a gramática interna dela foi responsável pelo desenvolvimento da língua chinesa em questão de milésimos de segundos.

Em direção oposta, temos nos estudos de aquisição de linguagem trabalhos que enfatizam as interações interpessoais como sendo fatores fundamentais. Vocês se lembram do filme “Nell”? Aquele com a atriz  Jodie Foster? Então, o filme, diferentemente de “Lucy”, minimiza a inteligência e mostra o drama de uma mulher que cresceu e viveu grande parte de sua vida longe de qualquer contato com outras pessoas e por isso não fala nossa língua. De acordo com a trama do filme, essa falta de habilidade foi ocasionada através do isolamento de Nell (Jodie Foster), portanto ela não produzia nem entendia quem conversasse com ela. Essa total falta de interação interpessoal relatada no filme tem base na teoria de aquisição interacionista que pode ser encontrada nos estudos de Schumann. Seus estudos suportam que a língua é herdada pelas pessoas através da comunicação, mais precisamente por meio de imitação em seu estágio inicial. Isto é, quando crianças, simplesmente imitamos o que vemos outras pessoas (geralmente adultos) falando sem pensar, usamos ordens sintáticas primariamente porque ouvimos pessoas ao nosso redor falar assim e, caso não haja nenhum tipo de intervenção, carregaremos essa herança por nossas vidas. Nell não teve esse padrão para seguir, seu cérebro, ao contrário do que afirmou Chomsky, não possui uma área destinada ao desenvolvimento da fala que pode pormenorizar as interações sociais.

No começo dos anos 2000, surge uma nova corrente acadêmica de aquisição de linguagem: a usage-based learningDiferentemente das duas anteriormente citadas, esse estudo coloca gerativistas e interacionistas no mesmo barco, remando na mesma direção. O novo filme do “Parque dos Dinossauros”, “Jurassic World”, usa o usage-based learning de Tomasello ao mostrar como a congnição dos velociraptors aliada a interação social com um ser que oferece um tipo de comunicação diferente resulta na aquisição de uma nova linguagem. Portanto, nós professores de língua inglesa temos como trabalho oferecer aos nossos alunos o melhor modelo linguístico possível para que os alunos então reflitam sobre a língua e não somente repitam feito papagaios. Precisamos fazer com que nossos alunos aprendam a nova língua e tenham a intenção de expressar algo.

Com todas essas opções de filmes muito legais e ao mesmo tempo nos abrem os olhos para nosso trabalho como professores de línguas, que tal fazer uma pipoquinha e aproveitar um tempinho para assistir alguns filmes? A brincadeira começa agora: a cada filme que vocês assistirem e tiver plano de fundo relacionado com aquisição de linguagem, comentem aqui dizendo o nome do filme e a conexão com a linguística. Além disso, escrevam nos comentários como você tem aplicado essas teorias em suas aulas. Let’s all have fun because we’re on vacation after all.

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