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#InglesNoEnsinoPublico

Em um de seus memoráveis discursos, John Kennedy uma vez disse: “Não pergunte o que seu país pode fazer para você. Pergunte o que você pode fazer pelo seu país.” Bom, vivemos num país em que temos que suprir a falta que os governos Federal, Estadual e Municipal fazem no que tange, no nosso caso, educação de qualidade. Como podemos querer que nosso país tenha um papel importante no cenário mundial sendo que nossas crianças do Ensino Fundamental da rede pública de educação, em muitas cidades, não têm em sua grade curricular ensino de línguas estrangeiras obrigatório, pois de acordo com o MEC, nossas crianças só precisam aprender um outro idioma a partir do Ensino Fundamental II (espero que vocês tenham lido isso com o tom sarcástico que o texto infelizmente não me permite colocar).

Talvez as pessoas responsáveis pela educação dos brasileirinhos estejam se esquecendo da importância que o multilinguismo traz. Prometo não escrever uma novela completa aqui nos artigo de hoje, então vou elencar somente alguns fatos para dar início ao nosso movimento que pede ensino de línguas estrangeiras em todas as séries do ensino público. Vamos imaginar a seguinte situação: você está dirigindo seu carro pela estrada quando avista uma placa de curva acentuada que vai chegar em 300m. Nosso cérebro envia informações para que a gente reduza a velocidade, mude a marcha do carro e continuemos nossa viagem. Quando somos multilíngues, nosso cérebro tem processamento similar de preparação, o chamado Controle. Passamos grande parte do nosso tempo falando nossa língua materna (L1) e momentos antes de se entrar num contexto em que uma língua estrangeira (L2) será utilizada, inibimos L1 para que a produção de L2 ganhe espaço (Baum & Titone: 862, 2014). Portanto, essa capacidade de organização linguística também desencadeia em benefícios organizacionais cognitivos nos alunos que aprendem outros idiomas como, por exemplo, atenção seletiva (Bialystock & Majumder, 1998; Martin-Rhee & Bialystock, 2008). Isto é, nossas crianças terão facilidade em direcionar seu foco em múltiplas tarefas sem perder a qualidade, sabendo dar a devida atenção, no caso de matérias escolares, para cada aula que nossos alunos têm ao longo do dia. De um jeito mais lúdico, é como se as pessoas multilíngues tivessem um interruptor para cada conhecimento e dessem um on/off quando necessário. Outro benefício cognitivo que o multilinguísmo oferece aos alunos é o processamento de metalinguagem. Todo professor faz uso de um discurso metalinguístico para passar a matéria aos alunos, ou seja, o professor de Biologia usa a língua para ensinar os termos (a língua) da biologia e os alunos multilíngues tem uma vantagem pois usam a mesma estratégia para se comunicarem nos idiomas que sabem.

A questão social também tem interferência quando nossos brasileirinhos que estudam na rede pública de ensino aprendem outros idiomas. Nossos colegas que trabalham com educação têm se movimentado para pedir uma internet mais digna (se é que existe uma velocidade digna no Brasil) vão encontrar obstáculos quando os alunos começarem a pesquisar informações e novidades que estarão em inglês (assumindo inglês como língua global). A língua estrangeira vai ser a responsável final para que nossos alunos tenham acesso a novos horizontes, novas formas de pensar e expandam suas fronteiras. Com certeza nossas alunas já ouviram falar no Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, mas será que elas já ouviram falar na candidata a sua sucessora, a Hilary Clinton? Imaginem o efeito que o conhecimento das ideias de uma mulher gabaritada para ser a mais alta representante de uma potência mundial pode ter em nossas brasileirinhas de uma comunidade menos favorecida economicamente. Em uma entrevista que concedi à Educaderia, disse que não sou neurologista para saber se o conhecimento de outros idiomas mudam a forma de pensar de uma pessoa, mas posso afirmar, como línguísta, que a língua estrangeira expõe pessoas a diferentes perspectivas e isso sim interfere no pensamento. Talvez nossos brasileirinhos não tenham, de imediato, a chance de conhecer outros países, mas se eles conseguirem ter acesso a informação através de sua competência linguística já aumenta sua bagagem cultural e se esse estímulo ocorrer por causa das aulas de língua estrangeira, o caminho para a autonomia será facilitado, porque eles terão mais uma ferramenta para trabalharem sozinhos: a língua.

Portanto, fica aqui minha sugestão que espero atingir não somente meus colegas teachers e linguístas, mas também todos os professores de outras matérias, coordenadores, diretores, profissionais da educação, pais, familiares e todos que querem ver a formação de uma geração futura acontecer para, quem sabe, daqui 10 ou 15 anos esses brasileirinhos mudarem muita coisa em nosso país. Por isso, gostaria que vocês lesse e compartilhassem este humilde artigo e utilizassem a marcação #InglesNoEnsinoPublico para fazermos com que nossos alunos da rede pública de ensino tenham, por lei, ensino de língua estrangeira desde o início do Ensino Fundamental. Juntos a gente consegue fazer com que essa importante mudança aconteça

Por Que Não Investem Na Gente?

De tempos em tempos é bom dar uma parada, sair de dentro do calabouço para se ter uma visão macro de tudo que anda acontecendo ao nosso redor. O cenário brasileiro anda estremecido, quase caindo, em todos os aspectos e, claro, o educacional vai no embalo. Mas… será que é por isso que as escolas não têm investido tanto no ensino de língua inglesa?

Vamos então aos fatos, porque senão vai parecer falácia, choradeira ou, de um jeito mais esdrúchulo, vai parecer mimimi. Nosso país conta com um pouco mais de 300 mil professores de língua inglesa dentro dos Ensinos Fundamentais e Médio de acordo com o senso do Ministério da Educação (MEC). Isto é, são 300 mil profissionais que todos os dias têm que preparar suas aulas para ensinar os mais de dezenas de milhões de alunos que o país tem. São poucos profissionais para muitos alunos, ou seja, precisamos repensar a estratégia desse número para que se formem cada vez mais professores de língua inglesa. Para isso, é necessário investimento público e privado de práticas de capacitação desses professores tanto linguística quanto pedagógica.

Desses 300 mil heróis que trabalham com ensino de língua inglesa, cerca de 10% tem formação em ensino de inglês. Vale colocar uma atenção dupla nessa informação: porque poucos professores de inglês são formados por falta de incentivo – incentivo não somente salarial, mas de condições de aprimoramento, intercâmbio com o que acontece no mundo, acesso aos estudos acadêmicos de aquisição de língua estrangeira, etc – as escolas acabam procurando por profissionais que têm algum conhecimento para suplantar esse gap de profissionais, aumentando o número de professores de inglês sem formação. Vamos fazer uma analogia pra deixar a coisa mais didática. Imaginem a Mercedes-Benz, gigante do setor automobilístico mundial, tendo problemas em achar bons engenheiros para desenvolver seus carros luxuosos e altamente qualificados. Para continuarem na atividade, para não fecharem as portas, a Mercedes então começa a contratar para o trabalho de engenharia físicos que tenham algum conhecimento de mecânica. Com toda certeza os carros sofreriam uma queda abrupta de qualidade.

O que deveria ser feito, então, era bombardear os professores com ofertas de capacitação profissional especializada em ensino de língua estrangeira de qualidade para que os 10% que têm formação na área se reciclem e estejam em constante contato com estudos e materiais relacionados ao ensino de língua inglesa e para que os 90% que não tem formação, tenha um norte. Só que infelizmente isso não tem sido feito. Por algum motivo obscuro, as escolas, públicas ou particulares, não oferecem capacitação aos professores de língua inglesa, eles deixam esse desenvolvimento na responsabilidade dos professores, ou seja, se os professores quiserem ser melhores, eles procuram cursos, workshops e treinamento por conta própria, caso contrário, o rendimento das aulas de inglês continuará o mesmo. O que causa maior estranheza é justamente a escola ou a secretaria de ensino não ficarem preocupadas em disponibilizar recursos para que os professores de inglês os usufram. Surpreendentemente, muitos pormenorizam trabalhos de capacitação alegando que as aulas de língua inglesa estão gerando ótimos resultados. Pois então tem alguma coisa errada no número da nota geral do instituto Global English, haja vista que o Brasil obteve média de 3,27 em fluência de língua inglesa, se colocando na posição 70 dentre os 78 países analisados, de acordo com o site valor.com.br.

Todos no Brasil sabem muito bem a importância que a língua inglesa tem, pelo menos, no futuro profissional de uma pessoa. Além disso, ser bilíngue oferece vantagens cognitivas de raciocínio e controle. Não obstante, termos um ensino de língua inglesa de qualidade nas escolas, abre portas para o mundo e expande consideravelmente o conhecimento cultural de nossos alunos. Só que tudo isso não acontece se nossos professores não estiverem preparados para isso. Alguns sistemas de ensino oferecem workshops relativamente interessantes, mas infelizmente são com pouca frequência durante o ano e, na maioria das vezes, sempre relacionados ao material didático, nada que capacite os professores para trabalharem em qualquer escola ou qualquer material didático. Ok, pelo menos é um começo. Agora, deixar os professores responsáveis por procurarem capacitação é ser totalmente conivente com os resultados muito abaixo do satisfatório. Já temos que preparar aulas, trabalhar em duas, às vezes até três escolas e lidar com vários alunos. Jogar essa batata quente no nosso colo não é muito justo.

Se quisessem, mesmo, oferecer um ensino de língua inglesa de qualidade, os responsáveis pelas escolas, repito, sejam elas públicas ou particulares, deveriam oferecer essa capacitação aos professores, porque as escolas que ganham com esse desenvolvimento. Professores bons geram alunos ótimos, alunos ótimos geram futuros promissores, mas as escolas continuam afirmando que suas aulas de inglês são muito boas e, portanto, não precisam decapacitação para professores. Dito tudo isso pergunto: por que não investem na gente?

Qual a Importância do Inglês?

Prólogo: este artigo, já aviso desde o início, deve ser diferente dos outros. O teor deste texto deve ser mais de ponderação, balanço, talvez até desabafo.

O aluno quando inicia sua vida escolar tem algumas fases para serem superadas com um objetivo final: adquirir um conhecimento universal dos fenômenos do mundo. Por isso aprendem ciências, artes, esportes, matemática, estudos sociais, depois passam a ter biologia, química, geografia e, também, inglês. Esse idioma tão requisitado é parte integrante da formação dos alunos oferecida pelas escolas.

A grande função das instituições de ensino é, no caso da língua inglesa, nosso core business, fazer com que os alunos adquiram um novo idioma pois através dele, implicitamente, eles terão acesso a novas culturas, novos conhecimentos e, quando no mercado de trabalho, estarão prontos para se comunicarem com outros países e desempenharem suas funções trabalhistas de maneira plena. Tudo isso com somente um novo idioma que foi aderido de maneira oficial ao currículo escolar muito recentemente, há algumas décadas. A influência norte-americana sobre o Brasil é muito forte, haja vista termos diversos seriados em canais pago que são produzidos por lá, reality shows, documentários. A internet possui uma infinidade de produtos, bons e ruins, em inglês que podem abrir portas para rumos inimagináveis para os alunos. Negócios são feitos presencialmente ou via Skype através da comunicação em língua inglesa, promoções de cargo têm como fator selecionador o nível de proficiência nessa língua, oferta de emprego também. Portanto, esse idioma milenar, proveniente de terras anglo-saxônicas e com a maternidade nos bárbaros, implica uma força influente altíssima sobre nossa rotina contemporânea e, por isso, os alunos precisam aprender o máximo que puderem sobre essa língua nas escolas.

No entanto, será que os responsáveis por esse trabalho tão importante estão preparados e motivados para desempenharem seus papéis? Recentemente vemos a promessa de governantes de que o país investirá fortemente nos educadores, mas o que acontece, de fato, que os professores de inglês estão cada vez mais desmotivados? Nós da Mattiello Consultoria Acadêmica oferecemos trabalho de capacitação profissional para os professores. Trabalhamos em conjunto com eles para deixá-los felizes e tecnicamente preparados para extraírem o melhor de seus alunos e somos pioneiros nessa especialização. Esperamos que de nossa semente surjam concorrentes, melhores e piores, consultorias de outras áreas em prol da melhoria do ensino, afinal a melhoria vem atráves dos ruins também. Mas, será que as escolas estão dispostas a investirem em seu professor de inglês? Talvez ainda exista resquício de esnobação quanto a essa matéria, julgando-a menos importante do que as já consolidadas matemática e português e, com isso, os professores de inglês sofrem com a falta de opções de assessoria e de trabalho em conjunto ou com a pormenorização do investimento na melhoria contínua dos meus colegas professores de inglês.

Se uma língua tem todo esse desenrolar na vida dos alunos e as escolas prezam pela qualidade de ensino, nada mais válido do que oferecer os melhores profissionais e os melhores profissionais, qualquer que seja a área, precisam de capacitação continuada. Os professores de inglês precisam, sim, de investimento. Investimento não significa maiores salários, isso é natural de acordo com sua qualificação. As insituições de ensino tem o dever de oferecer a seus professores oportunidades pra que eles tenham contato com abordagens novas, metodologias diferentes, novos conhecimentos de como lidar com as gerações de alunos com mudança constante, enfim, uma infinidade de assessoria que vai validar a excelência da escola e, com certeza vai deixar as crianças com o inglês redondinho para viajarem, passarem no vestibular, arrumarem um emprego, serem promovidos.

Entrevista “Band Cidade Campinas” – Matéria 02/09/2014

Em entrevista para o programa Band Cidade Campinas, o linguísta responsável pela Mattiello Consultoria Acadêmica fala sobre sua decisão de abrir uma empresa, combinando a formação acadêmica com o mundo corporativo.