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BYOD… Se A Internet Deixar

Temos visto muitas empresas, fundações e congressos batendo na mesma tecla: tecnologia. Quem curtia Os Jetsons quando criança, ou até mesmo quando adolescentes, e ficava fascinado com aquelas bugigangas, sonhando quando tudo aquilo iria se tornar realidade, pode estar feliz da vida ao ver muitos daqueles conceitos possíveis de serem adquiridos.

As gerações de alunos que chegam até nossa sala de aula têm entrado pela porta com os dedinhos periclitantes dos tablets e smartphones de maneira congênita. Nós não podemos ir contra a maré e proibirmos o uso de equipamentos, na verdade, eles serão nossa ferramenta para que os alunos tenham melhor desempenho em nossas aulas de língua estrangeira.

Um dia desses estava dando uma olhada na minha página da rede social e acabei esbarrando com um recurso tecnológico que eu jamais deria imaginar ser possível estar ao nosso dispor (pessoas que não escrevem códigos): um app que também poder utilizado pelo browser para criação de aplicativos para dispositivos Android. A univerdade americana MIT é responsável por esse projeto, ainda em modo Beta, mas ele é muito fácil de ser usado e até intuitivo para quem já dá umas fuçadas “nessas coisas de tecnologia”. Mesmo assim, é bom ter alguém que seja expert nesse assunto para ajudar, pois ainda tem algumas coisas que nós professores e leigos não sabemos.

Agora imaginem as seguntes opções: nós professores desenvolvermos esse app pensando nos perfis cognitivos e comportamentais de nossos alunos e oferecermos à eles como ferramenta de aprendizado. Ou seja, a contextualidade das aulas de inglês, por exemplo, chega com tudo uma vez que a criançada vai adorar brincar com um app que tenha sido desenvolvido especialmente para eles por alguém que os conhece. No desenvolvimento do aplicativo é possível implementar códigos que reconhecem voz e que gravam voz, isto é, dá pra trabalhar a pronúncia de nossos alunos muito bem de um jeito bem lúdico, dependendo da criatividade do professor.

A segunda opção é trabalharmos em conjunto com professores de computação (nas escolas que têm essa matéria) e fazermos com que os próprios alunos criem seus apps. Assim que eles realizarem essa tarefa, os apps podem servir para que eles mesmo se auto avaliem ou que outros alunos sejam avaliados por eles, aplicando, assim, o conceito de flipped classes que respeita a criatividade, liberdade, pensamento crítico e limitações de cada aluno. Dessa maneira, eles mesmos podem montar as questões, desenvolver atividades e tarefas conforme eles forem aprendendo o conteúdo planejado. Para isso, precisamos, de uma vez por todas, encarar os dispositivos eletrônicos com outros olhos.

Não há mais espaço para proibirmos a presença de celulares, tablets e laptops em sala de aula. Temos o dever de, assim como nas aulas, guiarmos nossos alunos para que eles saibam como utilizar esses equipamentos de um jeito relevante para as aulas. Também precisamos ficar firmes em nossa posição contrária dessa “novidade” de limitação do uso da internet. Programas para levar internet rápida para as escolas brasileiras e que levam tecnologia para escolas rurais custaram a ficar sólidas, agora que estão criando corpo vem esse baque. Internet é o que tem possibilitado o estreitamento da relação entre as pessoas e, mais ainda, o contato entre culturas e conhecimento que favorecem o processo da aquisição de língua estrangeira (Mattiello, 2016).

Portanto, nós professores precisamos aceitar e incentivar que nossos alunos tragam seus próprios aparelhos (em inglês bring your own devices – BYOD). Não pela tecnologia em si, mas pelo fato de ela ser o trampolim para contextualização e, consequentemente, engajamento e aprendizado dos alunos, quesitos preponderantes para sucesso no ensino de língua estrangeira. Isso se a internet não for limitada.

Habemus Linguistics I

Since always foreign students want to learn slang. I must say I don’t understand why they have this urge to learn slang that passes from generation to generation of students. Despite that, what matters is they want to learn, slang is part of the language and no, they definitely don’t disrupt the language whatever it is. I also decline the argument that internet has been hindering the language – after all, it is considered the guilty for the accelerated metamorphosis of the language creating, then, more and more slang. Ok, but what does this have to do with us teachers? Everything.

In our recent article Having Our English Outside The Box, we talked about the possibility to play with language and still be proficient. Well, you may not like this perspective, but I recommend you get used to accepting some students’ utterances that were once reckoned as “wrong”. We have already mentioned the ultimate use of ‘because’ playing the role of preposition, but what we have been witnessing every single day is a massive attack of linguistic creativity that we teachers need to be aware so we identify whether an utterance is slang or not and, in case it is one, we have to check if the context it was used is indeed appropriate. This is our role: show our students that language has an infinite number of possibilities, but there are situations in which some linguistic forms are more adequate. It is like I always say “if we are going to a barbecue, shorts and flip-flops are ok, but if we’re going to a business meeting, we gotta suit up”. This has to be our spirit whenever our students produce (1) or (2). We have to position the appropriate moment for their utterance.

(1)That film is amaze.

(2)Totes.

Notice that I did not use the “semantically strange” symbol for there many examples of utterances such as those, therefore I consider these slangs as part of a speech community. The case in (1) was not regarded as ungrammatical also for the same reason previously stated. Furthermore, although ‘amaze’ is a reduction of ‘amazing’, playing the syntactic role of adjective, we can take into consideration that this is a new word, thus eliminating any sort of confusion it may cause with the verb ‘amaze’ which would turn the sentence ungrammatical.

Alright. You might ask me then “what’s new about all of this?”. The greatest news here is the origin of this, the internet. This wonderful man made creation that connects everything to everything to everyone has rubbed on our faces how mutant languages are. Take Twitter, for instance. It is one big source of linguistic change. Tweeters know that the message space is highly limited which forces our students to express themselves in a more objective and reduced manner, generating a mutation in the language that would make Professor Charles Xavier jealous. That is why we have the commonly known OMG, LOL and they should never be considered a defeat in language teaching, instead they have to be taken as enriching factor of the language. Imagine how creative our students have to be to convey a message in a short space. With this scenario, we will obviously have abbreviations like IDK, reductions like ‘gonna’, ‘gotta, ‘wanna’, ‘shoulda’, ‘woulda’ and, why not, syntactic changes that end up being mistaken with slangs that are part of some speech communities. And yes, our students will do their best to speak “bad English” just because it is cool. Bucholtz already wrote about it brilliantly.

Thus, my fellow teachers, we have the duty (because we’re pros) to be in touch with the online universe for it materializes in the real world and makes our students coin words, abbreviate their speech, play with the language. Therefore I say it again, the internet has not been disrupting our students’ speech, it has only been going through some changes which is normal in the teenage years and with these changes we see a new type of language, pictorial for times, that facilitates communication.

Habemus Linguistics II

A internet tem sido a ferramenta responsável por trazer à superfície tudo que acontece de novo no mundo contemporâneo. As notícias pipocam instantaneamente e só fica alheio quem realmente opta por ficar desse jeito ou quem não brinca na rede. Por isso temos a sensação de que a internet é a culpada por estragar a língua. Ela é o veículo que nos faz perceber como a língua é mutante e como essa mutação é rápida, as novidades sempre chegam rápidas também.

Vamos fazer o seguinte trabalho de imaginação (bem fértil, por sinal): imaginem que milhares de décadas atrás já existia internet. Nossos ancestrais conseguiam avisar todos os reinos e tribos quando iria ter um ataque de animais selvagens, quando chegasse a época de colheita ou quando alguém tivesse desenvolvido uma maneira de escrita que atendesse a todos. Com certeza iriam culpar a tal da internet também por estragar qualquer que fosse o tipo de comunicação usado na época. Ao que estudos indicam, as escritas mais antigas eram pictoriais, ou seja, eram desenhos que representavam coisas e ações. Eram como se fossem os emojis que todos usamos hoje em dia. Será que os homens das cavernas também reclamaram do surgimento dessa língua pictografada dizendo “esses desenhos nas pedras estão arruinando os grunhidos que usamos para nos comunicarmos, uga buga”? Acho que não. Os emojis também não podem ser considerados inimigos da língua, eles devem ser utilizados como forte aliados inclusive no ensino de inglês, pois serviriam de ponte de transferência de significado, conectando a representatividade que o emoji passa com a língua inglesa.

Já ouviram falar de semas? São traços exclusivos de um léxico que determinam o seu significado. Difícil? Um pouquinho né. Pensem na palavra smartphone. Se eu pedisse pra você descrever pra mim essa palavra, você usaria um conjunto de características que juntas dão significado à palavra. Pois isso é um sema. Todas as palavras, expressões idiomáticas e sentenças carregam significado e têm poder atuante quando falados e os emojis não são diferentes. Eles têm ainda uma vantagem: são altamente visuais, ou seja, não dependem de uma imagem virtual da capacidade cognitiva para compreenderem o significado. Vocês se lembram do primeiro artigo dessa série? Pois falamos como a internet tem ajudado a informar as mudanças linguísticas e também como ela têm influenciado nessas mudanças. As redes sociais e os serviços de mensagem instantânea requerem objetividade na comunicação pois oferecem espaço reduzido para se escrever. No raciocínio de nossos alunos, não vale a pena usar espaço de caracteres para se escrever I love you, da maneira canônica e a fonética tomou partido e então passamos a encontrar I luv ya, luv ya e também luv u. 

Agora temos os emojis para dizer aquilo tudo. Um coraçãozinho ou uma carinha apaixonada já tem valor semântico igual ao de uma frase e precisamos saber utilizar esse recurso para nos auxiliar no ensino de língua inglesa afinal de contas, muitas vezes, principalmente quando ensinamos novos vocábulos, os alunos sabem a definição, utilizam-se dos semas para transmitir a mensagem, mas não conhecem a palavra designada. Para apresentar novas palavras também podemos utilizar os emojis e a carga semântica que eles representam numa atividade que simula o envio de uma mensagem de Whatsapp, por exemplo. Além de facilitar a compreensão de significado, emojis estão integralmente inseridos no contexto dos nossos alunos. Segundo a professora Wyvyan Evans, Bangor University, 40% dos britânicos enviam mensagens inteiramente de emojis. Parece que aquela máxima “uma imagem vale mais do que mil palavras” está mais em alta do que nunca e de fato tem lógica. Na internet ou por mensagens de celular fica muito difícil de se transmitir emoções, entonação, etc, e isso também faz parte da línguagem. Mostrar aos alunos como fazer isso num mundo em que eles são parte integrante vai motivá-los e engajá-los e quando fizermos a transição para uma escrita menos informal, eles se sentirão mais confortáveis.

Portanto, está evidente que a tecnologia e a internet está enraizada na sociedade e em nossas gerações de alunos que estão e nas que estarão dentro de nossas salas de aula. Nós professores temos que ficar cada vez mais interados nos avanços tecnológicos e nos modismos que encontramos online porque esse modismo só vai ganhar corpo por causa dos feedbacks positivos da molecada e isso vai, como Bakhtin diz, moldar a produção linguística deles, pois a internet faz parte do ambiente dos nossos alunos. Por isso, vamos entender de uma vez por todas que a língua não é estática e que a internet está enriquecendo e nos trazendo essa riqueza de bandeja.

Habemus Linguistics I

Desde os primórdios até hoje em dia… alunos querem aprender gírias. Eu confesso não entender o motivo pelo qual eles despertam essa curiosidade que passa de geração para geração de alunos. Apesar disso, o que importa é que eles querem saber, gírias fazem parte da língua e não, elas definitivamente não estragam a língua qualquer que seja ela. Também nego o argumento que a internet tem destruído a língua – afinal ela é considerada a responsável direta pela metamorfose acelerada da língua, criando, então, cada vez mais gírias. E o que nós, teachers, temos a ver com isso tudo? Muito.

Em nosso recente artigo “Tirando o Inglês da Gaveta”, falamos sobre a possibilidade de brincarmos com a língua e mesmo assim continuarmos proficientes. Bem, por mais que você seja contra essa perspectiva, acho interessante que você se acostume a relevar algumas produções orais dos students que antes eram vistas como “erradas”. Já comentamos sobre o novo uso da palavra because cobrindo função de preposição, mas o que estamos presenciando todos os dias é um ataque em massa de criatividade linguística que nós teachers precisamos, mais do que nunca, estar atentos para sabermos se a produção de um aluno não se trata de uma nova gíria e, caso realmente seja, se o contexto em que a gíria foi falada de fato está de acordo. Essa é a função que os professores têm: mostrar aos nossos alunos que a lingua tem uma infinidade de possibilidades, mas que existem situações em que se é necessário utilizar determinadas formas. É como sempre falo “se formos a um churrasco, usamos bermuda e chinelo, mas em uma reunião de negócios, precisamos de trajes mais formais”. Esse é o espírito quando ouvirmos nosso alunos falarem (1) e (2), posicionarmos o momento mais apropriado para tal.

(1)That film is amaze.

(2)Totes.

Notem que eu não utilizei o símbolo de “não-semântico”, pois existem muitos exemplos de produções desse tipo, portanto considero que essas gírias já fazem parte do cotidiano linguístico de uma comunidade. O caso apresentado em (1) não foi considerado agramatical também pelo mesmo motivo anteriormente citado. Mais ainda, embora amaze seja uma abreviação de amazing, exercendo função sintática de adjetivo, podemos levar em consideração que essa seja uma palavra nova, eliminando qualquer tipo de confusão com o verbo amaze que, então, tornaria a frase agramatical.

Ok. Aí você pode me perguntar: mas o que isso tem de novidade pra mim? A grande novidade é a origem disso tudo, a internet. Essa criação maravilhosa do homem que conecta tudo a tudo e a todos tem nos mostrado, escancarado como a língua é um organismo mutante. O Twitter, por exemplo, é um grande causador de mudança linguística. Quem gosta de tuitar com frequência sabe que o número de caracteres disponível é altamente limitado o que força nossos alunos a se expressarem de maneira mais objetiva e reduzida, gerando uma metamorfose na língua que deixaria Raul Seixas com uma bela dor de cotovelo. Por isso que temos os famoso OMG, LOL e isso de maneira nenhuma deve ser encarado como uma derrota da língua, mas sim como um fator de enriquecimento dela. Imaginem quão criativos nossos alunos têm que ser para transmitir uma mensagem num curto espaço. Com esse cenário, óbvio que iremos ter abreviações como IDK, uso de reduções como gonna, gotta, wanna, shoulda, woulda e, por que não, mudanças sintáticas que acabam se confundindo com gírias que fazem parte de algumas comunidades de fala. E sim… nossos alunos vão querer “falar errado” simplesmente porque é muito “da hora”. Bucholtz já escreveu sobre isso brilhantemente.

Contudo, my fellow teachers, nós temos a obrigação (porque somos profissionais) de estarmos sempre em contato com o mundo virtual, pois ele se materializa no mundo real e faz com que nossos alunos criem palavras, abreviem sua fala, brinquem com a língua. Por isso, repito, a internet não está arruinando a fala de nossos alunos, ela só está passando por mudanças, normal na fase de adolescência, e com ela vemos um novo tipo de linguagem, pictorial às vezes, que facilitam a comunicação.