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Energia Para Ler, Energia Para Falar

Energia é uma palvra utilizada pelas pessoas com diversos significados: eletricidade, potência (fisicamente é um termo similar), vitalidade. Tanto que, ao envelhecermos, dizemos que já não temos mais energias para lidar com certas situações. De maneira diretamente oposta, dizemos que crianças têm energia de sobra. Por isso muitos professores acabam se utilizando de aulas de leitura para aclamar seus alunos, os mais novos, cheios de energia, mas… será mesmo que isso é necessário? Mais ainda, será que isso contribui para a aquisição de uma língua estrangeira?

A leitura por parte do professor,  geralmente ocorrida nos primeiros anos  do Ensino Fundamental, tem seus benefícios. Os alunos recebem, nesse tipo de atividade, o modelo fonético apropriado a ser adquirido. Esse modelo é muito importante no processo de aquisição de língua estrangeira pois as crianças irão utilizar sua cognição para entender e decodificar o sistema fônico também, de acordo com os estudos recentes de Michael Tomasello.  No entanto, por melhor que seja o professor, lateralizar a informação reduz a eficácia no processo da aquisição de língua, quer seja a nativa ou a estrangeira. Por mais que a leitura acalme a turma, e eles têm mesmo muita energia, seria interessante otimizar e canalizar todo esse ímpeto.

Os professores que possuem ou já passaram por treinamento do CELTA, sabem que a espinha dorsal de uma aula de inglês como língua estrangeira termina com atividades de performance dos alunos. Ou seja, sempre há uma atividade em sala de aula em que os alunos podem voar livremente, sem interferência do professor, estimulando sua cognição e priorizando o uso da Zona de Desenvolvimento Proximal, através da interação com outros alunos. Mas a grande questão é: como unir uma atividade cuja característica é mais calma com outra mais dinâmica? Performance. Pois então vamos tentar esmiuçar isso. Certamente vocês já ouviram falar num grande escritor americano chamado Mark Twain. A grande sacada de suas obras é que elas têm uma conotação infantil com temas bem adultos, ou seja, dá pra se trabalhar com a criançada em sala de aula. Utilizando a história “The Celebrated Jumping Frog Of Calaveras County”, um conto muito divertido e rápido que li na época de universidade, o professor pode utilizar gravuras dos animais e dos personagens que são apresentados no conto para deixar a atividade mais lúdica. Conforme for contando a história, o professor pode fazer perguntas para que eles interajam e o recurso visual das gravuras também ajuda. Ao final, peça que os alunos escolham e desenhem um dos personagens descritos no conto. Ao término, eles devem mostrar ao professor e contar o que desenharam, sempre no idioma alvo.

Como dito anteriormente, claro que leitura por parte do professor tem seus pontos positivos, mas é imprescindível que os alunos tenham sua chance de produzir. Então, em vez de simplesmente aplicar uma atividade de leitura somente para que os alunos fiquem mais calmos, use a energia deles a seu favor. Ofereça o guia adequado e deixe-os trabalhar, sempre sob seu olhar profissional. Além de você trabalhar um clássico da literatura americana, ainda contribuirá para a produção oral de seus alunos e, mais ainda, poderão utilizar a criatividade ao desenhar seu ponto de vista dos personagens.

O Casamento entre o Vestibular e a Proficiência em Língua Estrangeira

As últimas décadas do Ensino Médio brasileiro têm sido dedicadas à preparação de seus alunos para o ingresso nas universidades. As públicas, costumeiramente ditas como as melhores, são as mais concorridas e, portanto, requer um esforço maior dos alunos além de contarem com os processos seletivos mais difíceis. Mas, será que o ensino de língua estrangeira deve ser limitado a ajudar os alunos a rersponderem as questões de vestibular corretamente para que pontos importantes não sejam disperdiçados?

Assim que o aluno entra em uma universidade, claro depois de curtir muito o momento, ele começa a pensar no mercado de trabalho – procurando estágio, fazendo cursos extras, etc. Porém, o que se é esquecido é que as empresas exigem alto nível de conhecimento em língua estrangeira e então o aluno precisa correr atrás do tempo perdido, procurando pelas escolas de idiomas. Os mais dedicados conseguem terminar o curso, ficam capacitados e atingem um ótimo nível de proficiência. No entanto, o processo é complicado pois há muitas escolas de idiomas cujo interesse é o lucro e não necessariamente excelência no ensino. Um outro fator complicador é a forma engessada com que as metodologias de algumas dessas escolas são oferecidas e esse é um fator que deveria contar a favor das escolas regulares pois nelas os professores têm mais liberdade para desenvolverem as atividades, atingindo diferentes perfis de alunos, tanto cognitivos quanto comportamentais.

A grande questão é: será que as escolas regulares estão dispostas a dar uma guinada nesse paradigma e oferecerem um ensino de língua estrangeira para que os alunos atinjam um nível bom ao final do Ensino Médio? Automaticamente eles estarão prontos para as questões do vestibular também. Para um ensino de língua estrangeira ser bem eficiente, entre outros fatores, está a presença de atividades de leitura. A grande maioria dos exames de vestibular contam com questões de interpretação e é bem possível integraresse tipo de atividade com a característica comunicativa que a aquisição de linguagem possui. A leitura pode servir como plano de fundo para uma atividade mais interativa e dinâmica em que os alunos podem debater pontos de vista, realizar apresentações para expressarem suas versões da leitura, tudo feito com a utilização do idioma alvo. Ou seja, das quatro habilidades, três são trabalhadas (reading, speaking, listening), sendo que, para o caso dos vestibulares, a leitura, em conjunto com a interpretação, estarão presentes nas aulas.

Com muitas escolas se auto promovendo, alegando a formação completa de seus alunos, seria muito legal que a língua estrangeira também fizesse parte desse processo para que o aluno não precise esperar arrumar um emprego para então a empresa exigir conhecimento de um segundo idioma, culminando com a procura por outros meios de ensino de língua estrangeira.