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O Presente Perfeito para o Tempo Perfeito

Acredito que a grande maioria dos professores de inglês já ouviu os alunos, independente da faixa etária, reclamarem que o tal present perfect é difícil e que não temos esse tempo verbal em português e, por isso, é muito mais complicado de se entender e fazer com que os alunos entendam. Talvez esteja na hora de mudar esse cenário (comentário) e a tecnologia pode ser a ferramenta fundamental para isso. Leia mais

Teachers Brasileiros e a Dependência de Materiais Didáticos

Faz alguns anos que participo de alguns grupos de redes sociais relacionados a ensino de língua inglesa em que a maioria esmagadora dos membros são professores de inglês. No entanto, ano após ano venho percebendo a crescente dependência dos meus colegas de profissão de materiais didáticos, praticamente caminhando na contramão do ensino em lugares em que o sistema educacional é mais avançado.

É fácil de se compreender esse vício que professores têm com materiais didáticos afinal hoje ele oferecem vários recursos áudio-visuais com animação, personagens, músicas e sons, praticamente tudo que nós professores não tínhamos até, mais ou menos, 10 anos atrás. Ou seja, somente 10 anos se passaram desde que todo esse arsenal educativo começou a ficar à nossa disposição e ainda estamos curtindo essa onda. Só que nesse mesmo período a internet entrou num crescimento contínuo e se tornou um gerador de materiais que parece não ter limite e o melhor de tudo, tudo gratuito. Tudo ficou mais fácil de se encontrar e até mesmo aquele material que antes nos obrigava a ter uma biblioteca muito bem equipada, agora está a um clique de distância.

As ferramentas de pesquisa (Google, Bing, etc), facilitam a busca por materiais. Elas se tornaram as chamadas OER (Open Educational Resources), tanto que muitas delas criaram sub-produtos especialmente voltados para a educação em que materiais educativos e acadêmicos ficaram compliados numa gaveta própria filtrando o universo que seus sites principais disponibilizam. Porém, se pensarmos em materiais deliberadamente desenvolvidos para fins educativos, cairemos no mesmo problema de antes: eles são editados e gerais, isto é, eles são feitos pensando numa turma que seja homogênea e sabemos que isso não acontece nem mesmo nos centros de idiomas. Por isso materiais didáticos estão fora de moda, eles não atingem a totalidade da sua turma e os alunos, obviamente, vão ficar desinteressados. Mesmo assim, dia após dia vejo professores pedindo dicas sobre qual material usar para aulas de conversação, de leitura, de escrita, de gramática, de listening.

Essa dependência, que beira o vício, se deve em função da melhoria e da abundância de materiais didáticos. Agora pergunto a você: e se um dia você fosse proibido de usar qualquer tipo de material didático em sala de aula, você conseguiria desenvolver um lesson plan? Minha primeira impressão é que muitos teriam dificuldades extremas ao realizar sua atividade profissional, dada a quantidade de pessoas que pedem sugestões de materiais nos grupos das redes sociais das quais faço parte. Nós não podemos nos tornar reféns desses materiais porque ninguém conhece os alunos como os próprios professores. Um livro pode muito bem oferecer atividades prontas e dar menos trabalho, pode oferecer textos e áudios prontos e editados, mas talvez não seja a solução para a maioria de seus alunos, isto é, talvez não haja um diálogo com a realidade que eles têm. Isso sem contar que a edição dos materiais, por mais meticulosos que sejam, têm sempre a probabilidade de estar aquém de um conteúdo real o que pode frustar nossos alunos.

Isso quer dizer que os materiais didáticos são ruins de conteúdo? Não necessariamente. Mas pense comigo: se o editor do material está mexendo num texto para um grupo que ele acredita ser Intermediário, esse texto provavelmente não irá oferecer a complexidade real, do mundo real. Então, esses alunos tomam contato com site de notícias em inglês e vão perceber que as aulas de leitura que tiveram não os prepararam para a situação. E quando falamos de textos, qualquer leitura é válida. Um recibo de cartão de crédito, um menu, uma placa com os horários de metrô requerem leitura que podem ser realizadas com alunos iniciantes. É exatamente por esse motivos que professores de inglês de outros países estão abolindo o uso de materiais didáticos e preparando as aulas e as atividades eles mesmo em cima de conteúdos reais como músicas, jornais, talk shows, vídeos. Se os professores de inglês de outros países estão transformando conteúdos reais em materiais para a sala de aula, por que ainda insistimos em usar os famosos materiais didáticos? Se for insegurança para desenvolvimento das lições, há cursos de capacitação para ajudar.

 

Fonte: Kaplan International Colleges

Fonte: Kaplan International Colleges

Portanto, colega professor de inglês, vamos seguir a tendência mundial no ensino de língua estrangeira e explorar nossa função cognitiva para desenvolvermos atividades novas e que dialoguem com os alunos e respeitem suas características e seu histórico. Com as ferramentas de busca, aplicativos e podcasts cada vez mais próximos, essa dependência dos materiais didáticos fica injustificada.

BYOD… Se A Internet Deixar

Temos visto muitas empresas, fundações e congressos batendo na mesma tecla: tecnologia. Quem curtia Os Jetsons quando criança, ou até mesmo quando adolescentes, e ficava fascinado com aquelas bugigangas, sonhando quando tudo aquilo iria se tornar realidade, pode estar feliz da vida ao ver muitos daqueles conceitos possíveis de serem adquiridos.

As gerações de alunos que chegam até nossa sala de aula têm entrado pela porta com os dedinhos periclitantes dos tablets e smartphones de maneira congênita. Nós não podemos ir contra a maré e proibirmos o uso de equipamentos, na verdade, eles serão nossa ferramenta para que os alunos tenham melhor desempenho em nossas aulas de língua estrangeira.

Um dia desses estava dando uma olhada na minha página da rede social e acabei esbarrando com um recurso tecnológico que eu jamais deria imaginar ser possível estar ao nosso dispor (pessoas que não escrevem códigos): um app que também poder utilizado pelo browser para criação de aplicativos para dispositivos Android. A univerdade americana MIT é responsável por esse projeto, ainda em modo Beta, mas ele é muito fácil de ser usado e até intuitivo para quem já dá umas fuçadas “nessas coisas de tecnologia”. Mesmo assim, é bom ter alguém que seja expert nesse assunto para ajudar, pois ainda tem algumas coisas que nós professores e leigos não sabemos.

Agora imaginem as seguntes opções: nós professores desenvolvermos esse app pensando nos perfis cognitivos e comportamentais de nossos alunos e oferecermos à eles como ferramenta de aprendizado. Ou seja, a contextualidade das aulas de inglês, por exemplo, chega com tudo uma vez que a criançada vai adorar brincar com um app que tenha sido desenvolvido especialmente para eles por alguém que os conhece. No desenvolvimento do aplicativo é possível implementar códigos que reconhecem voz e que gravam voz, isto é, dá pra trabalhar a pronúncia de nossos alunos muito bem de um jeito bem lúdico, dependendo da criatividade do professor.

A segunda opção é trabalharmos em conjunto com professores de computação (nas escolas que têm essa matéria) e fazermos com que os próprios alunos criem seus apps. Assim que eles realizarem essa tarefa, os apps podem servir para que eles mesmo se auto avaliem ou que outros alunos sejam avaliados por eles, aplicando, assim, o conceito de flipped classes que respeita a criatividade, liberdade, pensamento crítico e limitações de cada aluno. Dessa maneira, eles mesmos podem montar as questões, desenvolver atividades e tarefas conforme eles forem aprendendo o conteúdo planejado. Para isso, precisamos, de uma vez por todas, encarar os dispositivos eletrônicos com outros olhos.

Não há mais espaço para proibirmos a presença de celulares, tablets e laptops em sala de aula. Temos o dever de, assim como nas aulas, guiarmos nossos alunos para que eles saibam como utilizar esses equipamentos de um jeito relevante para as aulas. Também precisamos ficar firmes em nossa posição contrária dessa “novidade” de limitação do uso da internet. Programas para levar internet rápida para as escolas brasileiras e que levam tecnologia para escolas rurais custaram a ficar sólidas, agora que estão criando corpo vem esse baque. Internet é o que tem possibilitado o estreitamento da relação entre as pessoas e, mais ainda, o contato entre culturas e conhecimento que favorecem o processo da aquisição de língua estrangeira (Mattiello, 2016).

Portanto, nós professores precisamos aceitar e incentivar que nossos alunos tragam seus próprios aparelhos (em inglês bring your own devices – BYOD). Não pela tecnologia em si, mas pelo fato de ela ser o trampolim para contextualização e, consequentemente, engajamento e aprendizado dos alunos, quesitos preponderantes para sucesso no ensino de língua estrangeira. Isso se a internet não for limitada.

Habemus Linguistics II

A internet tem sido a ferramenta responsável por trazer à superfície tudo que acontece de novo no mundo contemporâneo. As notícias pipocam instantaneamente e só fica alheio quem realmente opta por ficar desse jeito ou quem não brinca na rede. Por isso temos a sensação de que a internet é a culpada por estragar a língua. Ela é o veículo que nos faz perceber como a língua é mutante e como essa mutação é rápida, as novidades sempre chegam rápidas também.

Vamos fazer o seguinte trabalho de imaginação (bem fértil, por sinal): imaginem que milhares de décadas atrás já existia internet. Nossos ancestrais conseguiam avisar todos os reinos e tribos quando iria ter um ataque de animais selvagens, quando chegasse a época de colheita ou quando alguém tivesse desenvolvido uma maneira de escrita que atendesse a todos. Com certeza iriam culpar a tal da internet também por estragar qualquer que fosse o tipo de comunicação usado na época. Ao que estudos indicam, as escritas mais antigas eram pictoriais, ou seja, eram desenhos que representavam coisas e ações. Eram como se fossem os emojis que todos usamos hoje em dia. Será que os homens das cavernas também reclamaram do surgimento dessa língua pictografada dizendo “esses desenhos nas pedras estão arruinando os grunhidos que usamos para nos comunicarmos, uga buga”? Acho que não. Os emojis também não podem ser considerados inimigos da língua, eles devem ser utilizados como forte aliados inclusive no ensino de inglês, pois serviriam de ponte de transferência de significado, conectando a representatividade que o emoji passa com a língua inglesa.

Já ouviram falar de semas? São traços exclusivos de um léxico que determinam o seu significado. Difícil? Um pouquinho né. Pensem na palavra smartphone. Se eu pedisse pra você descrever pra mim essa palavra, você usaria um conjunto de características que juntas dão significado à palavra. Pois isso é um sema. Todas as palavras, expressões idiomáticas e sentenças carregam significado e têm poder atuante quando falados e os emojis não são diferentes. Eles têm ainda uma vantagem: são altamente visuais, ou seja, não dependem de uma imagem virtual da capacidade cognitiva para compreenderem o significado. Vocês se lembram do primeiro artigo dessa série? Pois falamos como a internet tem ajudado a informar as mudanças linguísticas e também como ela têm influenciado nessas mudanças. As redes sociais e os serviços de mensagem instantânea requerem objetividade na comunicação pois oferecem espaço reduzido para se escrever. No raciocínio de nossos alunos, não vale a pena usar espaço de caracteres para se escrever I love you, da maneira canônica e a fonética tomou partido e então passamos a encontrar I luv ya, luv ya e também luv u. 

Agora temos os emojis para dizer aquilo tudo. Um coraçãozinho ou uma carinha apaixonada já tem valor semântico igual ao de uma frase e precisamos saber utilizar esse recurso para nos auxiliar no ensino de língua inglesa afinal de contas, muitas vezes, principalmente quando ensinamos novos vocábulos, os alunos sabem a definição, utilizam-se dos semas para transmitir a mensagem, mas não conhecem a palavra designada. Para apresentar novas palavras também podemos utilizar os emojis e a carga semântica que eles representam numa atividade que simula o envio de uma mensagem de Whatsapp, por exemplo. Além de facilitar a compreensão de significado, emojis estão integralmente inseridos no contexto dos nossos alunos. Segundo a professora Wyvyan Evans, Bangor University, 40% dos britânicos enviam mensagens inteiramente de emojis. Parece que aquela máxima “uma imagem vale mais do que mil palavras” está mais em alta do que nunca e de fato tem lógica. Na internet ou por mensagens de celular fica muito difícil de se transmitir emoções, entonação, etc, e isso também faz parte da línguagem. Mostrar aos alunos como fazer isso num mundo em que eles são parte integrante vai motivá-los e engajá-los e quando fizermos a transição para uma escrita menos informal, eles se sentirão mais confortáveis.

Portanto, está evidente que a tecnologia e a internet está enraizada na sociedade e em nossas gerações de alunos que estão e nas que estarão dentro de nossas salas de aula. Nós professores temos que ficar cada vez mais interados nos avanços tecnológicos e nos modismos que encontramos online porque esse modismo só vai ganhar corpo por causa dos feedbacks positivos da molecada e isso vai, como Bakhtin diz, moldar a produção linguística deles, pois a internet faz parte do ambiente dos nossos alunos. Por isso, vamos entender de uma vez por todas que a língua não é estática e que a internet está enriquecendo e nos trazendo essa riqueza de bandeja.

Habemus Linguistics I

Desde os primórdios até hoje em dia… alunos querem aprender gírias. Eu confesso não entender o motivo pelo qual eles despertam essa curiosidade que passa de geração para geração de alunos. Apesar disso, o que importa é que eles querem saber, gírias fazem parte da língua e não, elas definitivamente não estragam a língua qualquer que seja ela. Também nego o argumento que a internet tem destruído a língua – afinal ela é considerada a responsável direta pela metamorfose acelerada da língua, criando, então, cada vez mais gírias. E o que nós, teachers, temos a ver com isso tudo? Muito.

Em nosso recente artigo “Tirando o Inglês da Gaveta”, falamos sobre a possibilidade de brincarmos com a língua e mesmo assim continuarmos proficientes. Bem, por mais que você seja contra essa perspectiva, acho interessante que você se acostume a relevar algumas produções orais dos students que antes eram vistas como “erradas”. Já comentamos sobre o novo uso da palavra because cobrindo função de preposição, mas o que estamos presenciando todos os dias é um ataque em massa de criatividade linguística que nós teachers precisamos, mais do que nunca, estar atentos para sabermos se a produção de um aluno não se trata de uma nova gíria e, caso realmente seja, se o contexto em que a gíria foi falada de fato está de acordo. Essa é a função que os professores têm: mostrar aos nossos alunos que a lingua tem uma infinidade de possibilidades, mas que existem situações em que se é necessário utilizar determinadas formas. É como sempre falo “se formos a um churrasco, usamos bermuda e chinelo, mas em uma reunião de negócios, precisamos de trajes mais formais”. Esse é o espírito quando ouvirmos nosso alunos falarem (1) e (2), posicionarmos o momento mais apropriado para tal.

(1)That film is amaze.

(2)Totes.

Notem que eu não utilizei o símbolo de “não-semântico”, pois existem muitos exemplos de produções desse tipo, portanto considero que essas gírias já fazem parte do cotidiano linguístico de uma comunidade. O caso apresentado em (1) não foi considerado agramatical também pelo mesmo motivo anteriormente citado. Mais ainda, embora amaze seja uma abreviação de amazing, exercendo função sintática de adjetivo, podemos levar em consideração que essa seja uma palavra nova, eliminando qualquer tipo de confusão com o verbo amaze que, então, tornaria a frase agramatical.

Ok. Aí você pode me perguntar: mas o que isso tem de novidade pra mim? A grande novidade é a origem disso tudo, a internet. Essa criação maravilhosa do homem que conecta tudo a tudo e a todos tem nos mostrado, escancarado como a língua é um organismo mutante. O Twitter, por exemplo, é um grande causador de mudança linguística. Quem gosta de tuitar com frequência sabe que o número de caracteres disponível é altamente limitado o que força nossos alunos a se expressarem de maneira mais objetiva e reduzida, gerando uma metamorfose na língua que deixaria Raul Seixas com uma bela dor de cotovelo. Por isso que temos os famoso OMG, LOL e isso de maneira nenhuma deve ser encarado como uma derrota da língua, mas sim como um fator de enriquecimento dela. Imaginem quão criativos nossos alunos têm que ser para transmitir uma mensagem num curto espaço. Com esse cenário, óbvio que iremos ter abreviações como IDK, uso de reduções como gonna, gotta, wanna, shoulda, woulda e, por que não, mudanças sintáticas que acabam se confundindo com gírias que fazem parte de algumas comunidades de fala. E sim… nossos alunos vão querer “falar errado” simplesmente porque é muito “da hora”. Bucholtz já escreveu sobre isso brilhantemente.

Contudo, my fellow teachers, nós temos a obrigação (porque somos profissionais) de estarmos sempre em contato com o mundo virtual, pois ele se materializa no mundo real e faz com que nossos alunos criem palavras, abreviem sua fala, brinquem com a língua. Por isso, repito, a internet não está arruinando a fala de nossos alunos, ela só está passando por mudanças, normal na fase de adolescência, e com ela vemos um novo tipo de linguagem, pictorial às vezes, que facilitam a comunicação.

Vídeo Game + PBL + Aulas De Inglês = Diversão

As férias acabaram… Ouço a marcha fúnebre ecoar o céu cinzento do dia chuvoso que essa notícia carrega ao atingir cada um de meus colegas professores. Mas isso de maneira alguma precisa significar que a diversão acabou! Como disse um amigo meu em seu TCC: let the games begin.

Gameficação é uma das palavras do momento. Enfim educadores perceberam que transformar algumas aulas em jogos pode ser uma maneira divertida e ao mesmo eficaz para o aprendizado de nossos alunos, haja vista que a molecada adora um joguinho. Se for eletrônico então, com certeza os alunos vão se esquecer de tudo ao redor e a concentração estará 120% no videogame – falo por experiência própria, pois eu ouço reclamações similares da patroa quando jogo meu PS3. Usar videogames pode ser uma ótima experiência também para nossas aulas de inglês para podermos trabalhar a abordagem de project-based learning (PBL). Além de fazer os alunos trabalharem em longo prazo, com toda certeza eles ficarão motivados e empolgados para realizar a tarefa proposta.

O videogame per se não vai necessariamente ensinar inglês aos nossos alunos, a grande sacada de se usar jogos eletrônicos nas aulas de língua inglesa é fazer com que o aluno utilize o conhecimento da língua para que ele o aplique na hora de jogar, como apontado por James Paul Gee (2005). Em nosso curso online – ainda em fase de produção – falamos com detalhe sobre como elaborar atividades em PBL, mas vale ressaltar aqui a importância dos jogos eletrônicos para o aprendizado de nossos alunos. “Nothing happens until a player acts and makes decisions” (Gee, 2005: 34). Esse é o plano de fundo pras atividades que envolvem videogames e, mais precisamente, a aplicação de um PBL com esses jogos inclusive em sala de aula, isto é, fazer com que nossos alunos utilizem seu conhecimento em língua inglesa para tomar decisões, criar e desempenhar funções. Antes de conseguirmos aplicar um PBL, precisamos ter nossa estrutura de plano de aula bem consolidada em que o ambiente de comunicação em língua inglesa já seja normal aos nossos alunos para que a troca de informações e o compartilhamento de conhecimento aconteça. A língua é um tipo de conhecimento que adquirimos e a interação com outros alunos que estejam trabalhando em um projeto similar enriquece o processo de aquisição da língua conforme eles forem trabalhando em sala, que pode ser em dupla, trios ou grupos, depende do que você vai planejar em seu lesson plan.

Talvez você não tenha ouvido falar nesse jogo, mas certamente seus alunos já: Minecraft. Esse jogo tem atraído a atenção e o tempo da molecada e virou um big hit no mundo inteiro, inclusive entre alguns adultos. Minecraft é um jogo que está disponível para PS3, Xbox, smartphones, PCs e consiste em utilizar uma estratégia para se alcançar um objetivo pré determinado. Você precisa ir acumulando blocos diversos para criar um mundo que está dentro de sua imaginação e, de acordo com a estratégia oferecida pelo jogo (survival, creative, spectator, hardcore) você precisa construir coisas que o jogo determina para que você não seja derrotado. Em nossas aulas de inglês, podemos criar um projeto em que os alunos brinquem de Minecraft no modo survival e conforme o jogo vai oferecendo guias para que eles dêem continuidade no projeto, podemos trabalhar da seguinte maneira: explorar o léxico, ou seja, antecipadamente jogamos o jogo para conhecê-lo e anotar possíveis palavras para apresentar aos alunos na sala antes de começar o projeto. Quando eles se depararem com palavras que forem desconhecidas, eles pesquisam a definição e trazem para a sala de aula.

Também podemos trabalhar a fala dos alunos para que eles apresentem o que têm construído e o motivo de assim ter feito. isto é, a partir dessa apresentação, os alunos terão a oportunidade de utilizar palavras que eles já pesquisaram e de contar seus feitos no idioma alvo. Dessa maneira, teremos a motivação necessária que nossos alunos precisam para aprender inglês e o videogame se torna nosso aliado, sem contar que o jogo é bem interessante também. O viés educativo que Minecraft tem é tamanho que foi lançado recentemente o projeto Minecraft for Education com características especiais para serem utilizadas dentro da sala de aula e, por que não, em nossas aulas de inglês. No site, podemos encontrar outras ideias para serem replicadas ou melhoradas ou talvez ideias de aula de outras matérias que podem ser adaptadas às aulas de língua inglesa.

As férias estão acabando, mas a diversão pode e deve continuar. Surpreenda seus students com essa atividade de PBL com tecnologia envolvida já no começo do semestre. Eles vão curtir.

Volta Ao Mundo Com A Língua Inglesa

Conhecer o mundo. Saber que no Japão existem dois pauzinhos para comer, saber que a Índia tem um ponto de vista religioso diferente do nosso, saber que a Alemanha já foi dividida por um muro, saber que no Brasil (sim, nossa casa) existem estados sem praia. Todas essas informações interferem no processo de aquisição de língua estrangeira e termos alunos sem acesso a esse conhecimento ou não motivá-los a buscar adquirir esse conhecimento contribui, negativamente, com o desempenho muito fraco dos alunos brasileiros em língua inglesa. Chegou a hora de mudar isso.

Vocês podem me perguntar “qual a relação entre aprender inglês e saber que a Finlândia pode passar 6 meses sem céu azul”? Toda. Começa pela conscientização de que o mundo é maior que a comunidade em que o aluno vive, de que existem lugares em que as pessoas são diferentes e que falam línguas diferentes. Portanto, saber que em outros lugares, pessoas não falam “que da hora” como referência a algo muito legal tem total relevância com o ensino de inglês e o próximo livro da Professora Cláudia Zuppini para formação de professores vai abordar esse tema. Pros alunos que têm a língua inglesa mais consolidada – ou àqueles que têm um pouco mais da noção da língua – fica mais facilitado o trabalho de se transferir o “da hora” pra “that’s awesome” conforme falamos no artigo sobre uso da língua materna no ensino de inglês. Mas para os alunos que ainda estão iniciando o caminho da aquisição – nossos alunos mais novinhos – nosso trabalho complica, pois eles não possuem tal conhecimento do mundo em função da pouca idade e, às vezes, o fator socio-econômico não permite que esse conhecimento desabroche. Portanto, precisamos fazer dois trabalhos em um: levar aos alunos o conhecimento de mundo e transformá-lo em conhecimento linguístico, fazer com que eles, desde pequenos, saibam que o mundo é gigantesco e que saber a língua inglesa pode tornar nosso planeta tão próximo quanto aquele vizinho barulhento.

Como fazer com que os lugares do mundo fiquem próximos de nossos alunos sendo que é complicadíssimo fazer com que todos eles vejam e conheçam a Torre Eiffel, por exemplo? Fácil! Bastam uma cartolina e uma tecnologia de realidade virtual de ponta. O Google tem investido bastante na sua área educacional e acabou de promover o Expeditions, cardboard de realidade virtual em que os alunos conseguem “visitar” qualquer lugar do mundo. Vamos pensar em uma atividade com nossos alunos do Ensino Fundamental I. O grande objetivo de nossas aulas de inglês é fazer com que os alunos falem (claro que a leitura e a escrita também são muito importantes), então se usarmos essa tecnologia e mandarmos a criançada fazer uma expedição ao zoológico de Nova Iorque, trabalharemos a aquisição de novos vocabulários, mas de maneira bem contextualizada e inseridos na estrutura sintática da língua inglesa. Podemos dividir a aula em duas – uma vez que as aulas de inglês não têm incentivo e sua carga horária é pífia. A primeira aula, podemos usar o tempo para os dois primeiros Ps: presentation, para apresentar o conteúdo que, no caso são os animais e seus sons. Depois os alunos podem praticar com a ajuda de flashcards mostrados pelo professor em que eles dizem os nomes dos animais com os sons que cada um faz, claro, em inglês. Até aí tudo muito simples e até trivial. Pois é na fase de Performance, durante a outra aula da semana, que o Google Expeditions entre em destaque. Após a aula de apresentação de alguns animais e sons que eles produzem, peça aos alunos para “visitarem” o zoológico de Nova Iorque para conhecer os mais diversos animais do mundo e apresentar pra turma os animais mais legais e os sons que eles fazem e como follow-up, o professor pode oferecer nessa atividade é comparar os nomes dos sons dos animais do Brasil com as onomatopeias na língua inglesa.

O mundo é grande e precisamos tentar mostrar o máximo que pudermos aos nossos alunos. O conhecimento além comunidade em que eles vivem, além de mostrar que existem outras línguas, estimula os alunos a se comunicarem e, no caso do inglês, além de ser uma das línguas com as quais os alunos podem ter contato, é um idioma internacional. Viajar pelos quatro cantos do mundo é impossível com todos nossos alunos, mas a tecnologia veio para ajudar. Façam seus alunos conhecerem outras culturas, isso vai despertar uma conscientização global neles que vai ajudar no processo de aquisição de língua estrangeira.

Minhas Férias

“Minhas férias”, esse é o mais famoso título de redação ou tema de primeiro dia de aula das escolas e também o que mais sofre com piadinhas. O fato é que esse tão controverso tema carrega consigo infinitas possibilidades e, talvez, os professores estejam utilizando esse assunto de um jeito mais tradicional. No entanto, existem algumas maneiras de se trabalhar as férias de um modo que esteja totalmente dentro do contexto dos alunos e do mundo, com apps e um pouco de trabalho na hora de realizar o lesson plan.

É claro que o material didático (MD) oferece recursos visuais interessantes para que o tema férias seja explorado. Ilustrações, fotos, figuras ao dispor do professor, mas… num mundo em que os alunos dão um baile no quesito uso da internet, aplicativos e equipamentos em geral, seria interessante o professor ir além do MD. Um ótimo warm-up seria utilizar, por exemplo, algumas figuras que o MD oferece. Supondo que as figuras sejam de locais famosos, escreva alguns cartões com os nomes dos locais. Por exemplo, se a figura mostra o Pão de Açúcar, escreva no cartão “Rio de Janeiro” e distribua aos alunos. A ideia por trás de toda aula de língua, seja ela nativa ou estrangeira, é fazer os alunos produzirem pois, como já falamos em outro artigo, através do uso da língua que os professores terão dados para ajustar a linguagem da turma. O grande objetivo desse aquecimento é fazer com que os alunos se conheçam, pensando que o ano letivo tenha acabado de se iniciar e alunos novos estão na sala, através da comunicação, ou seja, perguntando “are you_?”, “do you have_?” e se desenrole em “what’s your name?”, etc.

Toda essa atividade pode ser feita em, no máximo, 5 minutos e o professor ainda ganha tempo na divisão dos pares para a fase de drilling, que é o momento em que se apresenta o novo conteúdo. Pensando nas férias, o simple past tem, praticamente, um viés enraizado, afinal os alunos precisam desse tempo verbal para comunicarem quais foram suas atividades durante o período de descanso. O material didático apresenta, sim, recursos que podem ser utilizados pelo professor para apresentar o tempo passado da língua inglesa. Lembram-se dos 3 Ps? Pois então, o practice acontece através da exploração da ilustração do MD que possa conter um roteiro de viagem e as perguntas podem ser realizadas pelo professor, ou seja, serão usadas as perguntas que o MD propõe mais outras que o professor irá realizar para as duplas, sempre utilizando o idioma alvo, “forçando” os alunos a produzirem. Vale ressaltar que, embora cada dupla receba uma pergunta específica, nada os impede de trocar informações desde que seja feita no idioma alvo e quanto mais os alunos falarem, maior o corpus que o professor poderá criar para trabalhar.

Das habilidades linguísticas, 3 serão exploradas: leitura do roteiro, fala para comunicação aluno/aluno e aluno/professor e audição que é recorrente da comunicação. A tão esperada atividade final, que coloca os alunos em contato com o que aprednderam na aula de forma mais livre (performance) pode ser realizada com algo que os alunos da atualidade mais adoram, apps. Temos duas opções: sincronizar essa atividade com um estudo do meio (geralmente não acontecem no começo do ano letivo) ou utilizar os locais destacados que ficam nos arredores da escola. Sem mais delongas, “Field Trip”! Esse aplicativo desenvolvido pelo Google oferece sugestõs de locais a serem visitados dentro do raio da sua localização e conta com fotos e explicações em inglês sobre a importância do lugar. Caso pelo menos um dos alunos dos pares separados no início tenha um smartphone ou a escola ofereça tablets, é só baixar o app Field Trip e pedir que os alunos escolham seu roteiro de viagem. Assim que eles terminarem de ler e escolher os locais da viagem, eles apresentam pra turma tudo o que aprenderam de interessante com o app.

O processo de aquisição de línguagem se desenvolve pela combinação da interação social e da utilização da cognição para o entendimento da língua que está sendo falada. Adicione à isso um plano de aula bem esquematizado e uma pitada de recurso tecnológico (que já faz parte do nosso cotidiano) e os alunos irão realmente viajar – no bom sentido – quando tiverem que discutir sobre o famoso tema “minhas férias”.

A Valorização do Real

Se eu fosse um economista, com certeza me achariam um louco por falar isso, mas… o real está cada vez mais valorizado. Estou falando de materiais reais para uso em sala de aula, realias, que promovem uma experiência de ensino genuína aos alunos de língua estrangeira. A combinação de um material real e um lesson plan bem estruturado além de motivar os alunos oferecem a exposição ao idioma de forma genuína.

Os materiais reais a serem utilizados em sala trazem muitos benefícios no processo de aquisição de língua estrangeira tal como contato com uma linguagem nativa genuína que os alunos podem encontrar ao visitarem um local em que a língua estrangeira seja a oficial. Mais ainda, exposição a materiais reais ativa o senso crítico linguístico dos alunos ao perceberem a maneira que a língua é usada pelos nativos para transmitirem um determinado tipo de informação e, então, tentarão reproduzir. A motivação também tem incremento quando da utilização dos materiais autênticos uma vez que os alunos vão ter a oportunidade de trabalhar com artigos que podem ser encontrados  facilmente caso eles viajem e, portanto, se sentirão preparados para se comunicarem e negociar com o idioma. Esse sense of achievement é muito importante, principalmente nas aulas, pois se os alunos conseguem finalizar uma tarefa  simulada em sala com um realia, eles estarão confiantes para prosseguir e progredir nas aulas.

E afinal o que são materiais autênticos? São todo tipo de produção que podem ser utilizados em sala de aula, desde objetos até um vídeo no YouTube. Ou seja, estamos cercados de materiais reais. Um ingresso de cinema pode virar centro de discussão de uma aula, um recibo de cartão de crédito, materiais esportivos, etc, cabe ao professor pesquisar o material autêntico que se encaixa no seu conteúdo a ser inserido no lesson plan. Essa é a parte trabalhosa de se usar realia, mas é, também, justamente o wow factor que vai diferenciar você dos outros professores. Seus alunos irão olhar você com outros olhos pois o material escolhido (sem nenhum tipo de possíveis caminhos adversos) irá atender e, às vezes, superar as necessidades da turma, sem contar que a internet facilita o acesso aos materiais autênticos e ficam à disposição dos alunos sempre que eles tiverem vontade de ter contato com o material novamente. A internet 2.0, termo utilizado para denominar conteúdos e acessibilidade da web nesta segunda década do século 21, oferece uma infindade de opções de materiais reais que podem ser utillizados em sala de aula e, com uma pitada de tecnologia, a produção dos alunos pode ser melhorada.

Após horas e horas procurando pelo vídeo perfeito, texto perfeito, foto perfeita, áudio perfeito, enfim, material autêntico que se encaixa perfeitamente no conteúdo a ser passado pros alunos, o professor pode utilizar um velho e conhecido recurso para criar uma tarefa bem divertida em que os alunos precisam utilizar o inglês para realizar a atividade: Power Point. A criação de um quiz em que os alunos são dividos em trios ou quartetos usando o Microsoft Power Point oferece aos alunos mixed skills a serem trabalhados uma vez que pode-se ter a combinação de imagens (visual), áudio (audição), textos (leitura) e a fala como habilidade final a ser produzida para responder às perguntas. Como follow-up, blogs são um ótimo recurso para que os alunos trabalhem de forma mais livres e produzam conteúdos em inglês. Lá eles podem postar fotos, vídeos, escrever, compartilhar informações e o professor tem a função de analisar essa produção e oferecer assessoria através de comentários via e-mail mesmo ou então em conversas ao vivo com os alunos em particular.

Os materiais reais estão em toda parte: na tv, jornais, radio; com a internet, a compilação de materiais autênticos que podems ser utilizados nas aulas de inglês ficou mais facilitada, não necessariamente organizada. O professor ainda precisa pesquisar muito para encontrar o artigo certo, mas vai encontrar e com certeza os alunos ficarão mais motivados e, consequentemente engajados para se tornarem multilíngues.

Entendendo Os Perfis Dos Alunos

Enfim férias! Jingle bells pra lá, feliz ano novo pra cá, descanso, praia, alarme do relógio desativado. Essa é a vida de marajá que todos os professores desejam (e merecem). Afinal, são 10 meses de trabalho árduo selecionando livros que apresentam os melhores recursos visuais, discussão sobre abordagens para que os alunos tenham melhor desempenho linguístico em sala, lesson plans, reuniões de pais, cursos, alunos e mais alunos. Só que todo esse trabalho pode ser facilitado se desenvolvido um mapeamento para identificar as idiossincrasias de seus alunos, pois já é de conhecimento de todos nós que cada alunos possui perfis cognitivos e comportamentais distintos.

Faz parte do job description do professor de inglês traçar o perfil de seus alunos para que as atividades a serem colocadas no seu lesson plan consigam atingir as necessidades de todos, não precisamente ao mesmo tempo. Saber se a dificuldade de 20% da turma encontra-se em speaking e quem são os alunos que apresentam essa dificuldade facilita o trablho do professor além de deixar as aulas mais eficazes. Muito da frustração tanto de professores quanto de alunos vem do desse truncamento, ou seja, o professor se frustra com os resultados abaixo do esperado e os alunos porque não conseguem se expressar de forma clara para que o professor perceba onde está o problema.

As atividades desenvolvidas, principalmente no momento de performance, tem por objetivo, mesmo que de maneira implícita, o fator motivador da fala. De acordo com a estrutura cognitiva da fala de Segalowitz, o fator motivador da fala é que impulsiona a prodção oral. Pois então vejamos: um aluno que apresenta dificuldade em listening, quando envolvido em uma conversa, pode ter rendimento abaixo do esperado por não compreender com precisão o locutor, dificultando a continuidade da conversa. Ainda que esteja entendendo o suficiente, pela sua dificuldade em entender, o aluno pode não querer se comunicar com o mesmo empenho. Cabe ao professor identificar esse caso para seus alunos e desenvolver atividades para melhorar essa habilidade.

Em nossa oficina sobre heterogeneidade, damos sugestões de atividades para os perfis cognitivos e comportamentais que podem ser encontrados nos alunos dentro da sala de aula. No entanto, sabemos que mapear os perfis dos alunos nem sempre é fácil. O professor precisa estar atento às características de seus alunos e, até conseguir um mapeamento mais consolidado, são necessárias muitas tentativas de atividades. A Geekie, empresa de tecnologia educacional, oferece uma ferramenta ótima para o professor diagnosticar as dificuldades de seus alunos e entender melhor seus perfis. Através do Geekie Lab, o professor que tiver acesso aos dados educacionais poderá desenvolver atividades que visam a melhoria dos pontos mais fracos das habilidades dos alunos além de saber os pontos mais fortes também para estimular o que já está bom.

Quer seja através de workshops ou por meio de ferramentas tecnológicas, o professor precisa encontrar uma maneira de traçar o perfil linguístico dos seus alunos. Os auxílios estão à disposição e cabe aos profissionais da educação promover o uso desses recursos. Mais importante é que os educadores consigam, de fato, diagnosticar a melhor maneira de se extrair o melhor de seus alunos.

Feliz natal e um 2015 muito melhor para todos. Hohohoho!