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Animando o iPad

Essa moda de que ser nerd é ser cool nem sempre foi vista com bons olhos. Quando eu era moleque, nunca entendi o motivo de outros colegas tirarem sarro de quem gostava de desenhos animados, histórias em quadrinhos, super herois, etc. Hoje, com as histórias em quadrinhos invadindo o cinema, animações ganhando prêmios  e a valorização dos profissionais que trabalham nessa área, a aceitação e vontade de se fazer esse trabalho é maior. Obviamente que a criançada também vai querer brincar de desenhar e animar.

Robert Gardner quantificou o processo de aprendizado e em sua equação, o fator motivação é dominante uma vez que ele pode zerar todo o processo. Por isso o professor deve contextualizar as aulas e tratar seus alunos como uma pessoa que está inserida no mundo e, portanto tem conhecimentos. Fazer com que o conteúdo seja aprendido através de projetos (Project Based Learning) é uma abordagem moderna que leva em consideração o contexto dos alunos, elevando a motivação para aprender. Por que não fazer com que os alunos aprendam inglês e se divirtam criando animações e storyboards no tablet? Além da motivação de se usar algo pelo qual os alunos se interessam, tem o fator tablet e a atividade estimula o lado criativo dos alunos ao desenharem suas animações. Mais ainda, pensando nos diferentes perfis cognitivos encontrados em sala de aula, utilizar a criação de uma animação para ensino de inglês atinge os alunos visuais (obviamente), os musicais pois o app oferece espaço para os alunos incluírem trilha sonora e também estimula o raciocínio lógico.

O simple present é o tempo verbal mais simples da língua inglesa, ele representa fatos, assunções e rotina. perfeito para os alunos brincarem e aprenderm ao criar uma historinha, uma tirinha. Vamos lá. Depois de ter apresentado e “drillado” o presente simples com seus alunos e reparar que eles estão confortáveis e confiantes pra produzirem, o professor pode separar a turma em duplas e oferecer personagens fictícios para cada dupla criar a animação. Nessa atividade para tablets, os alunos recebem alguns verbos pré selecionados pelo professor para que sejam um guia na hora de realizarem a montagem da animação. O app Animation Desk oferece vários recursos e é em inglês, ou seja, vai enriquecer o vocabulário de uma forma muito divertida. mas e a fala? O Animation Desk oferece recurso de gravação de voz para inserir no storyboard e os alunos podem gravar a fala de cada personagem, ou mesmo narrar os acontecimentos. Conforme os alunos vão desenvolvendo a animação, o professor vai auxiliando na parte lógica e linguística, assessorando-os até o dia da entrega do projeto.

Utilizar recursos tecnológicos nem sempre requer um alto grau de complexidade. O desenvolvimento desse projeto de ensino de simple present pode ser contextualizado com o que os alunos já estão acostumados a usar em suas rotinas: tablets, smartphones, apps. Além disso, há o estímulo de uma possível carreira na animação, como seguiu, por exemplo, Maurício de Souza (ultimamente) e Carlos Saldanha, diretor do grande hit A Era Do Gelo 3.

Um GPS Para A Caça Ao Tesouro

Tenho quase certeza absoluta de que todos os professores, eu me encaixo perfeitamente nessa lista, já utilizaram mapas bidimensionais quer sejam aqueles dobráveis e impossíveis de redobrá-los como eram, quer sejam ilustrações de mapas em materiais didáticos ou um desenho de um mapa na lousa. Mas, imaginem a reação de um aluno em que sua rotina seja rodeada de tablets, Playstations e smartphones. Acho que esse mapa seria boring pra ele.

É quando alguém pode, então, retrucar: mas os apps de mapas também tem duas dimensões, como isso pode ser tão diferente do que se é feito? Bem, muitos mapas hoje são em 3D, ou seja, ensinar os pontos cardeais, direção e até mesmo ensinar algumas expressões muito úteis para quem viaja sempre ou para quem não quer se perder ao procurar por algum lugar. Como atividade de fixação (ou drilling) o professor pode criar uma brincadeira em que a sala de aula é um bairro e dividir os alunos em grupos. Cada grupo pode ser um carro, supondo-se que cada carro teria 4 alunos, então uns 10 carros estariam na rua. Se o número for ímpar, podem-se ter pedestres e biciletas. O professor fica de fiscal do trânsito e vai fornecendo comando para que os alunos respeitem (claro, toda a comunicação deve ser feita no idioma alvo). Quando os alunos fazem algo diferente do que o “policial” pediu, o professor corrige, utilizando a técnica mais adequada, e o trânsito continua.

Sei que já mencionei Michael Tomasello e seu estudo sobre a aquisição da linguagem através de sua utilização. Ou seja, a interação tem papel fundamental na aquisição sintática, fonética, semântica e pragmática enquanto que o cérebro tem a responsabilidade de decodificar tudo isso, pensar, de maneira mais simplória, para produzir a fala de maneira mais adequada que o momento pede. Será que a atividade de fixação engloba essa nova corrente linguística? A interação aluno/professor acontece naturalmente e o fato de a atividade ser em grupo, a Zona de Desenvolvimento Proximal entra em cena e os alunos podem ajudar uns aos outros. O fato de a comunicação ser feita na língua alvo (ou no máximo com pouquíssimas palavras em português) estimula a cognição no processo da aquisição. Meta atingida! Mas e o mapa, a tecnologia? Todo final de lesson plan requer uma atividade de performance em que os alunos voam livremente, sem interferência do professor. Considerando uma turma do Ensino Fundamental I, talvez quarto ou quinto ano, o professor pode preparar uma Caça ao Tesouro. A diferença é que o professor pode selecionar os GPSs para língua inglesa e para os alunos chegarem ao seu tesouro eles devem ouvir e entender as direções dadas pelo aparelho.

GPS, quase todos os alunos já viram e muitos já sabem como utilizar esse aparelho. Aparecer em sala de aula com uma atividade que se utilize aqueles mapas antigos de papel dobráveis é ficar totalmente distante do contexto e da realidade dos alunos. Isso poderá desmotivar e os alunos não irão ficar engajados, resultando numa péssima qualidade de performance. Se a motivação é zero, então todo o processo se anula. Mas isso é assunto pra outro artigo.

Vamos Bater Um Papo?

Nestes quase 14 anos como professor de inglês, o top 3 de frases mais ouvidas são “odeio inglês”, “esse present perfect não tem em português, né?” e “nossa essa coisa de phrasal verbs é muito difícil”. Bem, respectivamente eu diria “seus antigos professores devem ter sido muito ruins”, “existe” e “sim”. Sim?! Claro, phrasal verbs são expressões idiomáticas que contém uma carga semântica muito forte e, portanto são complicados de se ensinar e aprender.

O grande dilema de se ensinar uma expressão idiomática é: como dar formato ao significado para que os alunos entendam e, ao mesmo tempo, o professor fale pouco (Teachers’ Talking Time reduzido)? Claro que dependendo da metodologia adotada o professor vai mesmo falar bastante (não recomendável pelo CELTA), mas com uma atividade muito bacana e bem estruturada, o professor pode desempenhar um ótimo papel e ainda engajar seus alunos. Como havíamos falado anteriormente, o Google oferece muito mais do que uma ferramenta de pesquisa na internet. Existe um instrumento chamado Hangouts, uma espécie de Skype que já vem embutido nos celulares com sistema Android e permite fazer ligações de voz e de vídeo para quem tem uma conta Google. Além disso, o Hangouts oferece o serviço de transmissão ao vivo e automaticamente postado no YouTube, ou seja, alguém pode estar visitando o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e realizar uma chamada ao vivo via celular com alguém dentro da escola. Embora pareça um texto de propaganda do Google, não é. O fato é que são tantos recursos possíveis de se utilizar em sala que estimula o desenvolvimento de atividades de sala de aula.

Por exemplo, em uma lista de phrasal verbs contendo come up with, get along with, set in, o professor pode preparar uma atividade muito interativa e comunicativa usando o Hangouts. Fazendo uso de um contexto relacionado com amizades, interações sociais, o professor pode introduzir as seguintes expressões e no drilling time, eles podem entrevistar uns aos outros. Pra deixar a prática mais interessante, o professor pode distribuir funções para os alunos: um pode ser um atleta famoso, uma celebridade da TV, um diretor de filmes, enquanto que o outro aluno (pensando em uma atividade de dupla) tem a função de repórter. Além de trabalhar as expressões, os alunos também irão praticar as estruturas interrogativas, muitas vezes difíceis de serem oralmente reproduzidas. Para compensar mais ainda o tempo possivelmente utilizado pelo professor para introduzir o conteúdo, com tempo de fala do professor maior que o dos alunos, a atividade, para fechar a aula com chave de ouro com performance dos alunos, pode utilizar a ferramenta do Google. No laboratório de informática, os alunos podem fazer contato com outros alunos de outras partes do mundo, previamente estudado e acordado pelo professor, para que a entrevista seja feita entre eles usando os phrasal verbs aprendidos. Como o vídeo é automaticamente carregado no YouTube, o professor pode fazer uma avaliação com mais clama e mais precisa da performance de seus alunos.

Dessa forma, o aprendizado de um conteúdo tão controverso para o qual muitos torcem o nariz torna-se diferente, com uma experiência muito real e que pode motivar os alunos. Deixe seus alunos hanging out com alunos de outros países com Hangouts, usando os phrasal verbs que foram introduzidos em sala.

Google Além das Pesquisas

Todo mundo já conhece muito bem a maior ferramenta de pesquisas do mundo: o Google. Tudo que existe no planeta hoje se encontra lá, não há absolutamente nada que essa ferramenta de pesquisa não possua e se não está no Google, então não existe. O que talvez poucos professores de língua estrangeira saiba é que há também uma ferramenta que pode ser muito bem aproveitada nas aulas de segundo idioma.

Mesmo aqueles professores menos aficcionados por tecnologia acabaram rendendo-se ao Google. Porém, poucos já dispuseram de seu precioso tempo de preparação de aula para explorar os cantos mais escondidos que existem no Google For Education. Lá, encontramos sincronização de calendários, ferramentas para compartilhar e editar arquivos (trabalhos de alunos). Caso ainda não conheça, o Google Drive oferece aos usuários uma poderosa ferramenta para receber e compartilhar trabalhos com seus alunos, ou seja, se o propósito era dar uma “flippada” na aula, não existem mais desculpas. Dentro da espinha dorsal para se preparar um lesson plan (warm-up, drilling, performance), com a utilização do Drive é possível criar um vídeo a ser usado no aquecimento. Por exemplo, supondo que o conteúdo do dia seja looks, talvez seja interessante ir até um parque e, por que não, gravar as mais variadas pessoas: altos, baixos, mais fortes, mais magros, loiras, morenas, cabelos cacheados, cabelos lisos, etc. Um início de atividade assim pode ampliar as alternativas para o restante do lesson plan além de não depender exclusivamente dos recursos técnicos da escola, que infelizmente, em muitas ocasiões, são limitados.

Agora, se você já tem como parceiro inseparável o Google Drive e acha que já o explora tão bem que virou rotina, procure trabalhar com códigos. Sim, códigos. Aquele sistema de programação usado para escrever sites, apps, softwares. Claro que o Made With Code, da Google não vai nos ensinar explicitamente como escrever códigos, mas ele utiliza o conceito de blocos funcionais e oferece uma ferramenta muito valiosa pras aulas de língua estrangeira. Uma atividade muito descontraída e tecnológica para as primeiras séries do Ensino Fundamental I pode ser a criação de um avatar através de formas geométricas. Nessa ativiade, a criatividade e o raciocínio lógico dos alunos são trabalhados e pode se tornar um representante do ponto de vista de como os alunos imaginam, por exemplo, um personagem de uma leitura previamente realizada. O estímulo para que os alunos apresentem e justifiquem, no idioma alvo, o que cada parte do avatar representa fará com que eles se comuniquem e utilizem os vocabulários aprendidos, e.g. formas geométricas, cores, partes do corpo. E que tal pedir pros alunos reproduzirem um poema em outra língua com o mesmo tema mas de maneira contemporânea? Muito chato? Não se eles puderem transformar sua obra em música. Após realizarem a versão própria de um poema, os alunos podem usar o Google para criar uma melodia e se sem sentirem rockstars por um dia.

Todos sabemos da potência que o Google se tornou no mundo e seu departamento exclusivo para educação tem desenvolvido ferramentas tão impressionantes quanto a de pesquisa. Saber utilizar tais instrumentos depende da vontade de querer entender como eles funcionam e pensar que tipo de atividade combinaria. Go beyond the basics.

Infográficos: nova tendência pra aulas de inglês tecnológicas

Muitos professores dizem que adorariam utilizar recursos tecnológicos dentro de sala de aula, mas como fazer isso em uma aula de inglês? Afinal, os alunos precisam, de maneira geral, de atividades que os façam falar. Um recurso muito legal para se desenvolver atividades é a criação de infográficos.

Infográficos são dados quantitativos apresentados de maneira muito lúdica através de gráficos animados, cartoons, GIFs, vídeos. Diferentemente de uma apresentação completa em PowerPoint, o infográfico é curto e compacta as informações, se tornando uma ferramenta muito interessante para os alunos apresentarem suas pesquisas no idioma alvo. A criação de um infográfico fará com que os alunos decidam exatamente que tipo de informações são relevantes e importantes, como deixar o trabalho com um aspecto interessante para aqueles que forem ter contato com o infográfico, isto é, tem que ser visualmente atrativo. Assim, essa atividade acaba atingindo aqueles alunos com perfil visual em combinação com mais duas habilidades linguísticas: a audição e a leitura.

E onde entra a fala nessa atividade? Vamos lá. O professor pode fazer uso do tema escolhido e sugerir a pesquisa por parte do alunos. Em uma forma de blended learning, essa atividade pode ter inúmeros temas: geografia, história, matemática, ciências, etc, deixando a realização do trabalho mais divertida tanto pros alunos quanto aos professores, pois ao final eles terão de apresentar os dados do infográfico para a turma e, em seguida, numa escala maior, o mesmo trabalho pode ser reapresentado para um público maior em uma feira de ciências, por exemplo, sempre no idioma alvo. Será que conseguimos atingis as quatro habilidades linguísticas com essa atividade? Vamos conferir. Aqueles alunos que irão apresentar os dados do infográfico (no idioma alvo) irão ter uma performance oral, automaticamente os que irão assistir à pesquisa irão ouvir. Além de ouvir, os alunos terão contato com textos e irão ler em certo ponto e, claro, escrita deverá acontecer por parte dos pesquisadores. Bingo!

Alguém poderia, ao final deste artigo, me perguntar sobre a tecnologia. Bom, para criação de um infográfico os alunos precisam de um template e pode ser achado gratuitamente e então diversos recursos entrarão em jogo:  uso de PowerPoint, Photoshop, YouTube, Google Images, câmeras de smartphones e tablets, enfim, tudo isso estará a disposição dos alunos e do professor para orientá-los. A tecnologia está ao nosso alcance e não precisamos de um aparelho do Homem de Ferro ultra moderno para ajudar nossos alunos com aquisição de língua estrangeira.