A Valorização do Real

Se eu fosse um economista, com certeza me achariam um louco por falar isso, mas… o real está cada vez mais valorizado. Estou falando de materiais reais para uso em sala de aula, realias, que promovem uma experiência de ensino genuína aos alunos de língua estrangeira. A combinação de um material real e um lesson plan bem estruturado além de motivar os alunos oferecem a exposição ao idioma de forma genuína.

Os materiais reais a serem utilizados em sala trazem muitos benefícios no processo de aquisição de língua estrangeira tal como contato com uma linguagem nativa genuína que os alunos podem encontrar ao visitarem um local em que a língua estrangeira seja a oficial. Mais ainda, exposição a materiais reais ativa o senso crítico linguístico dos alunos ao perceberem a maneira que a língua é usada pelos nativos para transmitirem um determinado tipo de informação e, então, tentarão reproduzir. A motivação também tem incremento quando da utilização dos materiais autênticos uma vez que os alunos vão ter a oportunidade de trabalhar com artigos que podem ser encontrados  facilmente caso eles viajem e, portanto, se sentirão preparados para se comunicarem e negociar com o idioma. Esse sense of achievement é muito importante, principalmente nas aulas, pois se os alunos conseguem finalizar uma tarefa  simulada em sala com um realia, eles estarão confiantes para prosseguir e progredir nas aulas.

E afinal o que são materiais autênticos? São todo tipo de produção que podem ser utilizados em sala de aula, desde objetos até um vídeo no YouTube. Ou seja, estamos cercados de materiais reais. Um ingresso de cinema pode virar centro de discussão de uma aula, um recibo de cartão de crédito, materiais esportivos, etc, cabe ao professor pesquisar o material autêntico que se encaixa no seu conteúdo a ser inserido no lesson plan. Essa é a parte trabalhosa de se usar realia, mas é, também, justamente o wow factor que vai diferenciar você dos outros professores. Seus alunos irão olhar você com outros olhos pois o material escolhido (sem nenhum tipo de possíveis caminhos adversos) irá atender e, às vezes, superar as necessidades da turma, sem contar que a internet facilita o acesso aos materiais autênticos e ficam à disposição dos alunos sempre que eles tiverem vontade de ter contato com o material novamente. A internet 2.0, termo utilizado para denominar conteúdos e acessibilidade da web nesta segunda década do século 21, oferece uma infindade de opções de materiais reais que podem ser utillizados em sala de aula e, com uma pitada de tecnologia, a produção dos alunos pode ser melhorada.

Após horas e horas procurando pelo vídeo perfeito, texto perfeito, foto perfeita, áudio perfeito, enfim, material autêntico que se encaixa perfeitamente no conteúdo a ser passado pros alunos, o professor pode utilizar um velho e conhecido recurso para criar uma tarefa bem divertida em que os alunos precisam utilizar o inglês para realizar a atividade: Power Point. A criação de um quiz em que os alunos são dividos em trios ou quartetos usando o Microsoft Power Point oferece aos alunos mixed skills a serem trabalhados uma vez que pode-se ter a combinação de imagens (visual), áudio (audição), textos (leitura) e a fala como habilidade final a ser produzida para responder às perguntas. Como follow-up, blogs são um ótimo recurso para que os alunos trabalhem de forma mais livres e produzam conteúdos em inglês. Lá eles podem postar fotos, vídeos, escrever, compartilhar informações e o professor tem a função de analisar essa produção e oferecer assessoria através de comentários via e-mail mesmo ou então em conversas ao vivo com os alunos em particular.

Os materiais reais estão em toda parte: na tv, jornais, radio; com a internet, a compilação de materiais autênticos que podems ser utilizados nas aulas de inglês ficou mais facilitada, não necessariamente organizada. O professor ainda precisa pesquisar muito para encontrar o artigo certo, mas vai encontrar e com certeza os alunos ficarão mais motivados e, consequentemente engajados para se tornarem multilíngues.

Entendendo Os Perfis Dos Alunos

Enfim férias! Jingle bells pra lá, feliz ano novo pra cá, descanso, praia, alarme do relógio desativado. Essa é a vida de marajá que todos os professores desejam (e merecem). Afinal, são 10 meses de trabalho árduo selecionando livros que apresentam os melhores recursos visuais, discussão sobre abordagens para que os alunos tenham melhor desempenho linguístico em sala, lesson plans, reuniões de pais, cursos, alunos e mais alunos. Só que todo esse trabalho pode ser facilitado se desenvolvido um mapeamento para identificar as idiossincrasias de seus alunos, pois já é de conhecimento de todos nós que cada alunos possui perfis cognitivos e comportamentais distintos.

Faz parte do job description do professor de inglês traçar o perfil de seus alunos para que as atividades a serem colocadas no seu lesson plan consigam atingir as necessidades de todos, não precisamente ao mesmo tempo. Saber se a dificuldade de 20% da turma encontra-se em speaking e quem são os alunos que apresentam essa dificuldade facilita o trablho do professor além de deixar as aulas mais eficazes. Muito da frustração tanto de professores quanto de alunos vem do desse truncamento, ou seja, o professor se frustra com os resultados abaixo do esperado e os alunos porque não conseguem se expressar de forma clara para que o professor perceba onde está o problema.

As atividades desenvolvidas, principalmente no momento de performance, tem por objetivo, mesmo que de maneira implícita, o fator motivador da fala. De acordo com a estrutura cognitiva da fala de Segalowitz, o fator motivador da fala é que impulsiona a prodção oral. Pois então vejamos: um aluno que apresenta dificuldade em listening, quando envolvido em uma conversa, pode ter rendimento abaixo do esperado por não compreender com precisão o locutor, dificultando a continuidade da conversa. Ainda que esteja entendendo o suficiente, pela sua dificuldade em entender, o aluno pode não querer se comunicar com o mesmo empenho. Cabe ao professor identificar esse caso para seus alunos e desenvolver atividades para melhorar essa habilidade.

Em nossa oficina sobre heterogeneidade, damos sugestões de atividades para os perfis cognitivos e comportamentais que podem ser encontrados nos alunos dentro da sala de aula. No entanto, sabemos que mapear os perfis dos alunos nem sempre é fácil. O professor precisa estar atento às características de seus alunos e, até conseguir um mapeamento mais consolidado, são necessárias muitas tentativas de atividades. A Geekie, empresa de tecnologia educacional, oferece uma ferramenta ótima para o professor diagnosticar as dificuldades de seus alunos e entender melhor seus perfis. Através do Geekie Lab, o professor que tiver acesso aos dados educacionais poderá desenvolver atividades que visam a melhoria dos pontos mais fracos das habilidades dos alunos além de saber os pontos mais fortes também para estimular o que já está bom.

Quer seja através de workshops ou por meio de ferramentas tecnológicas, o professor precisa encontrar uma maneira de traçar o perfil linguístico dos seus alunos. Os auxílios estão à disposição e cabe aos profissionais da educação promover o uso desses recursos. Mais importante é que os educadores consigam, de fato, diagnosticar a melhor maneira de se extrair o melhor de seus alunos.

Feliz natal e um 2015 muito melhor para todos. Hohohoho!

Animando o iPad

Essa moda de que ser nerd é ser cool nem sempre foi vista com bons olhos. Quando eu era moleque, nunca entendi o motivo de outros colegas tirarem sarro de quem gostava de desenhos animados, histórias em quadrinhos, super herois, etc. Hoje, com as histórias em quadrinhos invadindo o cinema, animações ganhando prêmios  e a valorização dos profissionais que trabalham nessa área, a aceitação e vontade de se fazer esse trabalho é maior. Obviamente que a criançada também vai querer brincar de desenhar e animar.

Robert Gardner quantificou o processo de aprendizado e em sua equação, o fator motivação é dominante uma vez que ele pode zerar todo o processo. Por isso o professor deve contextualizar as aulas e tratar seus alunos como uma pessoa que está inserida no mundo e, portanto tem conhecimentos. Fazer com que o conteúdo seja aprendido através de projetos (Project Based Learning) é uma abordagem moderna que leva em consideração o contexto dos alunos, elevando a motivação para aprender. Por que não fazer com que os alunos aprendam inglês e se divirtam criando animações e storyboards no tablet? Além da motivação de se usar algo pelo qual os alunos se interessam, tem o fator tablet e a atividade estimula o lado criativo dos alunos ao desenharem suas animações. Mais ainda, pensando nos diferentes perfis cognitivos encontrados em sala de aula, utilizar a criação de uma animação para ensino de inglês atinge os alunos visuais (obviamente), os musicais pois o app oferece espaço para os alunos incluírem trilha sonora e também estimula o raciocínio lógico.

O simple present é o tempo verbal mais simples da língua inglesa, ele representa fatos, assunções e rotina. perfeito para os alunos brincarem e aprenderm ao criar uma historinha, uma tirinha. Vamos lá. Depois de ter apresentado e “drillado” o presente simples com seus alunos e reparar que eles estão confortáveis e confiantes pra produzirem, o professor pode separar a turma em duplas e oferecer personagens fictícios para cada dupla criar a animação. Nessa atividade para tablets, os alunos recebem alguns verbos pré selecionados pelo professor para que sejam um guia na hora de realizarem a montagem da animação. O app Animation Desk oferece vários recursos e é em inglês, ou seja, vai enriquecer o vocabulário de uma forma muito divertida. mas e a fala? O Animation Desk oferece recurso de gravação de voz para inserir no storyboard e os alunos podem gravar a fala de cada personagem, ou mesmo narrar os acontecimentos. Conforme os alunos vão desenvolvendo a animação, o professor vai auxiliando na parte lógica e linguística, assessorando-os até o dia da entrega do projeto.

Utilizar recursos tecnológicos nem sempre requer um alto grau de complexidade. O desenvolvimento desse projeto de ensino de simple present pode ser contextualizado com o que os alunos já estão acostumados a usar em suas rotinas: tablets, smartphones, apps. Além disso, há o estímulo de uma possível carreira na animação, como seguiu, por exemplo, Maurício de Souza (ultimamente) e Carlos Saldanha, diretor do grande hit A Era Do Gelo 3.

Atividades De Sala De Aula De Arrepiar

Por que geralmente crianças e alguns adultos tem medo do escuro? Por receio de que algum monstro ou bichos como aranha, cobras venham morder e eles não estão vendo essas coisas estranhas se aproximarem para correrem e fugirem. Ou seja, o medo vem do desconhecido e partir disso a inferência de que algo irá ou pode pegá-los. No entanto, neste dia das bruxas, não vamos deixar os alunos assustados e preparem um atividade divertida que pode envolver todas as salas de aula de sua escola e ainda deixar seus alunos craques em interpretação textual/oral.

Inferir que algo no escuro irá fazer mal é, basicamente, entender o momento, ou seja, a falta do recurso visual e pensar que se algo de ruim que existe no mundo tiver a oportunidade de chegar perto, isso poderá acontecer e acarretar em algo que pode prejudicar. Todo esse procedimento só é possível se a criança tiver o conhecimento, por exemplo, de que aranhas são animais que podem picar e ter venenos, portanto o conhecimento do mundo é importante pra que haja a formação do pressuposto. Esse tipo de interpretação é muito importante, também, na aquisição de uma língua estrangeira. No caso do inglês americano, os alunos que conseguem desenvolver o entendimento de pressupostos da língua acabam carregando com eles uma bagagem cultural bem forte que facilita o entendimento da língua ensinada. Por exemplo, inferência pode ser um trick quando alunos acreditam que todos os verbos são regulares e os inflexionam com a terminação -ed no passado. Porém pode ser um treat se pensarmos que o aluno assimilou e aprendeu como se utilizar o tempo passado da língua inglesa.

Para se trabalhar essa habilidade de maneira expandida, o professor pode desenvolver uma atividade horripilante em que a interpretação oral, mais facilitada por geralmente trazer recursos como gestos, linguagem corporal, etc, e a textual sejam exploradas. Para se trabalhar alguns adjetivos o professor pode selecionar por exemplo scary, crazy, horrible, freaky, haunted, mysterious, para apresentar pra sala utilizando, como sugestão, alguns personagens da Turma do Penadinho, criado por Maurício de Souza. Para uma turma um pouco mais madura, as revistas em quadrinhos do título Spawn são bem legais pra essa atividade também. Assim que os alunos estiverem bem confortáveis com as novas palavras, separe-os em trios e entregue frases (adaptadas quando necessário) de algumas obras assustadoras. Claro que estou falando de Edgar Alan Poe, gênio do assombrado. Peça que o trio explique, em no máximo 3 linhas, o motivo de aquela frase ser scary, mysterious, etc, “forçando” o uso dos adjetivos, ou seja, nessa proposta trabalha-se a consolidação do entendimento do grupo de palavras adjetivo e também pratica-se a interpretação textual, amplamente requisitada para exames de vestibular e pelo ENEM.

Mas como o ensino de língua é algo a ser externalizado, a performance dos alunos pode ser realizada através de um projeto que envolve todas as turmas da sua escola, professor. Na parte prática dentro da sala, os alunos utilizaram seu conhecimento de mundo para fazer inferências e pressuposições. Nada mais justo que incluir um pouco de cultura estrangeira para ampliar o “GPS” interno dos alunos através do famoso trick or treat em que os alunos se fantasiem e saiam pedindo doces por toda escola. Sugiro duas opções: levar alguns modelos de máscaras relacionadas ao halloween, fazer com que os alunos as usem ou, se a escola tiver um budget legal, a empresa Wintercroft confecciona máscaras bem spooky em 3D. Exatamente, ela utiliza a tecnologia de impressão em 3D e oferece modelos de máscaras por 7,45 dólares que valem muito a pena caso ainda exista um pouco de “candies” no orçamento.  Com os alunos devidamente fantasiados, hora de bater de porta em porta das salas e pedindo doces aos professores, mas para ganhá-los os alunos devem responder a pergunta dos professores “who are you?” utilizando os adjetivos aprendidos.

Um GPS Para A Caça Ao Tesouro

Tenho quase certeza absoluta de que todos os professores, eu me encaixo perfeitamente nessa lista, já utilizaram mapas bidimensionais quer sejam aqueles dobráveis e impossíveis de redobrá-los como eram, quer sejam ilustrações de mapas em materiais didáticos ou um desenho de um mapa na lousa. Mas, imaginem a reação de um aluno em que sua rotina seja rodeada de tablets, Playstations e smartphones. Acho que esse mapa seria boring pra ele.

É quando alguém pode, então, retrucar: mas os apps de mapas também tem duas dimensões, como isso pode ser tão diferente do que se é feito? Bem, muitos mapas hoje são em 3D, ou seja, ensinar os pontos cardeais, direção e até mesmo ensinar algumas expressões muito úteis para quem viaja sempre ou para quem não quer se perder ao procurar por algum lugar. Como atividade de fixação (ou drilling) o professor pode criar uma brincadeira em que a sala de aula é um bairro e dividir os alunos em grupos. Cada grupo pode ser um carro, supondo-se que cada carro teria 4 alunos, então uns 10 carros estariam na rua. Se o número for ímpar, podem-se ter pedestres e biciletas. O professor fica de fiscal do trânsito e vai fornecendo comando para que os alunos respeitem (claro, toda a comunicação deve ser feita no idioma alvo). Quando os alunos fazem algo diferente do que o “policial” pediu, o professor corrige, utilizando a técnica mais adequada, e o trânsito continua.

Sei que já mencionei Michael Tomasello e seu estudo sobre a aquisição da linguagem através de sua utilização. Ou seja, a interação tem papel fundamental na aquisição sintática, fonética, semântica e pragmática enquanto que o cérebro tem a responsabilidade de decodificar tudo isso, pensar, de maneira mais simplória, para produzir a fala de maneira mais adequada que o momento pede. Será que a atividade de fixação engloba essa nova corrente linguística? A interação aluno/professor acontece naturalmente e o fato de a atividade ser em grupo, a Zona de Desenvolvimento Proximal entra em cena e os alunos podem ajudar uns aos outros. O fato de a comunicação ser feita na língua alvo (ou no máximo com pouquíssimas palavras em português) estimula a cognição no processo da aquisição. Meta atingida! Mas e o mapa, a tecnologia? Todo final de lesson plan requer uma atividade de performance em que os alunos voam livremente, sem interferência do professor. Considerando uma turma do Ensino Fundamental I, talvez quarto ou quinto ano, o professor pode preparar uma Caça ao Tesouro. A diferença é que o professor pode selecionar os GPSs para língua inglesa e para os alunos chegarem ao seu tesouro eles devem ouvir e entender as direções dadas pelo aparelho.

GPS, quase todos os alunos já viram e muitos já sabem como utilizar esse aparelho. Aparecer em sala de aula com uma atividade que se utilize aqueles mapas antigos de papel dobráveis é ficar totalmente distante do contexto e da realidade dos alunos. Isso poderá desmotivar e os alunos não irão ficar engajados, resultando numa péssima qualidade de performance. Se a motivação é zero, então todo o processo se anula. Mas isso é assunto pra outro artigo.

Vamos Bater Um Papo?

Nestes quase 14 anos como professor de inglês, o top 3 de frases mais ouvidas são “odeio inglês”, “esse present perfect não tem em português, né?” e “nossa essa coisa de phrasal verbs é muito difícil”. Bem, respectivamente eu diria “seus antigos professores devem ter sido muito ruins”, “existe” e “sim”. Sim?! Claro, phrasal verbs são expressões idiomáticas que contém uma carga semântica muito forte e, portanto são complicados de se ensinar e aprender.

O grande dilema de se ensinar uma expressão idiomática é: como dar formato ao significado para que os alunos entendam e, ao mesmo tempo, o professor fale pouco (Teachers’ Talking Time reduzido)? Claro que dependendo da metodologia adotada o professor vai mesmo falar bastante (não recomendável pelo CELTA), mas com uma atividade muito bacana e bem estruturada, o professor pode desempenhar um ótimo papel e ainda engajar seus alunos. Como havíamos falado anteriormente, o Google oferece muito mais do que uma ferramenta de pesquisa na internet. Existe um instrumento chamado Hangouts, uma espécie de Skype que já vem embutido nos celulares com sistema Android e permite fazer ligações de voz e de vídeo para quem tem uma conta Google. Além disso, o Hangouts oferece o serviço de transmissão ao vivo e automaticamente postado no YouTube, ou seja, alguém pode estar visitando o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e realizar uma chamada ao vivo via celular com alguém dentro da escola. Embora pareça um texto de propaganda do Google, não é. O fato é que são tantos recursos possíveis de se utilizar em sala que estimula o desenvolvimento de atividades de sala de aula.

Por exemplo, em uma lista de phrasal verbs contendo come up with, get along with, set in, o professor pode preparar uma atividade muito interativa e comunicativa usando o Hangouts. Fazendo uso de um contexto relacionado com amizades, interações sociais, o professor pode introduzir as seguintes expressões e no drilling time, eles podem entrevistar uns aos outros. Pra deixar a prática mais interessante, o professor pode distribuir funções para os alunos: um pode ser um atleta famoso, uma celebridade da TV, um diretor de filmes, enquanto que o outro aluno (pensando em uma atividade de dupla) tem a função de repórter. Além de trabalhar as expressões, os alunos também irão praticar as estruturas interrogativas, muitas vezes difíceis de serem oralmente reproduzidas. Para compensar mais ainda o tempo possivelmente utilizado pelo professor para introduzir o conteúdo, com tempo de fala do professor maior que o dos alunos, a atividade, para fechar a aula com chave de ouro com performance dos alunos, pode utilizar a ferramenta do Google. No laboratório de informática, os alunos podem fazer contato com outros alunos de outras partes do mundo, previamente estudado e acordado pelo professor, para que a entrevista seja feita entre eles usando os phrasal verbs aprendidos. Como o vídeo é automaticamente carregado no YouTube, o professor pode fazer uma avaliação com mais clama e mais precisa da performance de seus alunos.

Dessa forma, o aprendizado de um conteúdo tão controverso para o qual muitos torcem o nariz torna-se diferente, com uma experiência muito real e que pode motivar os alunos. Deixe seus alunos hanging out com alunos de outros países com Hangouts, usando os phrasal verbs que foram introduzidos em sala.

Energia Para Ler, Energia Para Falar

Energia é uma palvra utilizada pelas pessoas com diversos significados: eletricidade, potência (fisicamente é um termo similar), vitalidade. Tanto que, ao envelhecermos, dizemos que já não temos mais energias para lidar com certas situações. De maneira diretamente oposta, dizemos que crianças têm energia de sobra. Por isso muitos professores acabam se utilizando de aulas de leitura para aclamar seus alunos, os mais novos, cheios de energia, mas… será mesmo que isso é necessário? Mais ainda, será que isso contribui para a aquisição de uma língua estrangeira?

A leitura por parte do professor,  geralmente ocorrida nos primeiros anos  do Ensino Fundamental, tem seus benefícios. Os alunos recebem, nesse tipo de atividade, o modelo fonético apropriado a ser adquirido. Esse modelo é muito importante no processo de aquisição de língua estrangeira pois as crianças irão utilizar sua cognição para entender e decodificar o sistema fônico também, de acordo com os estudos recentes de Michael Tomasello.  No entanto, por melhor que seja o professor, lateralizar a informação reduz a eficácia no processo da aquisição de língua, quer seja a nativa ou a estrangeira. Por mais que a leitura acalme a turma, e eles têm mesmo muita energia, seria interessante otimizar e canalizar todo esse ímpeto.

Os professores que possuem ou já passaram por treinamento do CELTA, sabem que a espinha dorsal de uma aula de inglês como língua estrangeira termina com atividades de performance dos alunos. Ou seja, sempre há uma atividade em sala de aula em que os alunos podem voar livremente, sem interferência do professor, estimulando sua cognição e priorizando o uso da Zona de Desenvolvimento Proximal, através da interação com outros alunos. Mas a grande questão é: como unir uma atividade cuja característica é mais calma com outra mais dinâmica? Performance. Pois então vamos tentar esmiuçar isso. Certamente vocês já ouviram falar num grande escritor americano chamado Mark Twain. A grande sacada de suas obras é que elas têm uma conotação infantil com temas bem adultos, ou seja, dá pra se trabalhar com a criançada em sala de aula. Utilizando a história “The Celebrated Jumping Frog Of Calaveras County”, um conto muito divertido e rápido que li na época de universidade, o professor pode utilizar gravuras dos animais e dos personagens que são apresentados no conto para deixar a atividade mais lúdica. Conforme for contando a história, o professor pode fazer perguntas para que eles interajam e o recurso visual das gravuras também ajuda. Ao final, peça que os alunos escolham e desenhem um dos personagens descritos no conto. Ao término, eles devem mostrar ao professor e contar o que desenharam, sempre no idioma alvo.

Como dito anteriormente, claro que leitura por parte do professor tem seus pontos positivos, mas é imprescindível que os alunos tenham sua chance de produzir. Então, em vez de simplesmente aplicar uma atividade de leitura somente para que os alunos fiquem mais calmos, use a energia deles a seu favor. Ofereça o guia adequado e deixe-os trabalhar, sempre sob seu olhar profissional. Além de você trabalhar um clássico da literatura americana, ainda contribuirá para a produção oral de seus alunos e, mais ainda, poderão utilizar a criatividade ao desenhar seu ponto de vista dos personagens.

Entrevista “Band Cidade Campinas” – Matéria 02/09/2014

Em entrevista para o programa Band Cidade Campinas, o linguísta responsável pela Mattiello Consultoria Acadêmica fala sobre sua decisão de abrir uma empresa, combinando a formação acadêmica com o mundo corporativo.

Google Além das Pesquisas

Todo mundo já conhece muito bem a maior ferramenta de pesquisas do mundo: o Google. Tudo que existe no planeta hoje se encontra lá, não há absolutamente nada que essa ferramenta de pesquisa não possua e se não está no Google, então não existe. O que talvez poucos professores de língua estrangeira saiba é que há também uma ferramenta que pode ser muito bem aproveitada nas aulas de segundo idioma.

Mesmo aqueles professores menos aficcionados por tecnologia acabaram rendendo-se ao Google. Porém, poucos já dispuseram de seu precioso tempo de preparação de aula para explorar os cantos mais escondidos que existem no Google For Education. Lá, encontramos sincronização de calendários, ferramentas para compartilhar e editar arquivos (trabalhos de alunos). Caso ainda não conheça, o Google Drive oferece aos usuários uma poderosa ferramenta para receber e compartilhar trabalhos com seus alunos, ou seja, se o propósito era dar uma “flippada” na aula, não existem mais desculpas. Dentro da espinha dorsal para se preparar um lesson plan (warm-up, drilling, performance), com a utilização do Drive é possível criar um vídeo a ser usado no aquecimento. Por exemplo, supondo que o conteúdo do dia seja looks, talvez seja interessante ir até um parque e, por que não, gravar as mais variadas pessoas: altos, baixos, mais fortes, mais magros, loiras, morenas, cabelos cacheados, cabelos lisos, etc. Um início de atividade assim pode ampliar as alternativas para o restante do lesson plan além de não depender exclusivamente dos recursos técnicos da escola, que infelizmente, em muitas ocasiões, são limitados.

Agora, se você já tem como parceiro inseparável o Google Drive e acha que já o explora tão bem que virou rotina, procure trabalhar com códigos. Sim, códigos. Aquele sistema de programação usado para escrever sites, apps, softwares. Claro que o Made With Code, da Google não vai nos ensinar explicitamente como escrever códigos, mas ele utiliza o conceito de blocos funcionais e oferece uma ferramenta muito valiosa pras aulas de língua estrangeira. Uma atividade muito descontraída e tecnológica para as primeiras séries do Ensino Fundamental I pode ser a criação de um avatar através de formas geométricas. Nessa ativiade, a criatividade e o raciocínio lógico dos alunos são trabalhados e pode se tornar um representante do ponto de vista de como os alunos imaginam, por exemplo, um personagem de uma leitura previamente realizada. O estímulo para que os alunos apresentem e justifiquem, no idioma alvo, o que cada parte do avatar representa fará com que eles se comuniquem e utilizem os vocabulários aprendidos, e.g. formas geométricas, cores, partes do corpo. E que tal pedir pros alunos reproduzirem um poema em outra língua com o mesmo tema mas de maneira contemporânea? Muito chato? Não se eles puderem transformar sua obra em música. Após realizarem a versão própria de um poema, os alunos podem usar o Google para criar uma melodia e se sem sentirem rockstars por um dia.

Todos sabemos da potência que o Google se tornou no mundo e seu departamento exclusivo para educação tem desenvolvido ferramentas tão impressionantes quanto a de pesquisa. Saber utilizar tais instrumentos depende da vontade de querer entender como eles funcionam e pensar que tipo de atividade combinaria. Go beyond the basics.

O Casamento entre o Vestibular e a Proficiência em Língua Estrangeira

As últimas décadas do Ensino Médio brasileiro têm sido dedicadas à preparação de seus alunos para o ingresso nas universidades. As públicas, costumeiramente ditas como as melhores, são as mais concorridas e, portanto, requer um esforço maior dos alunos além de contarem com os processos seletivos mais difíceis. Mas, será que o ensino de língua estrangeira deve ser limitado a ajudar os alunos a rersponderem as questões de vestibular corretamente para que pontos importantes não sejam disperdiçados?

Assim que o aluno entra em uma universidade, claro depois de curtir muito o momento, ele começa a pensar no mercado de trabalho – procurando estágio, fazendo cursos extras, etc. Porém, o que se é esquecido é que as empresas exigem alto nível de conhecimento em língua estrangeira e então o aluno precisa correr atrás do tempo perdido, procurando pelas escolas de idiomas. Os mais dedicados conseguem terminar o curso, ficam capacitados e atingem um ótimo nível de proficiência. No entanto, o processo é complicado pois há muitas escolas de idiomas cujo interesse é o lucro e não necessariamente excelência no ensino. Um outro fator complicador é a forma engessada com que as metodologias de algumas dessas escolas são oferecidas e esse é um fator que deveria contar a favor das escolas regulares pois nelas os professores têm mais liberdade para desenvolverem as atividades, atingindo diferentes perfis de alunos, tanto cognitivos quanto comportamentais.

A grande questão é: será que as escolas regulares estão dispostas a dar uma guinada nesse paradigma e oferecerem um ensino de língua estrangeira para que os alunos atinjam um nível bom ao final do Ensino Médio? Automaticamente eles estarão prontos para as questões do vestibular também. Para um ensino de língua estrangeira ser bem eficiente, entre outros fatores, está a presença de atividades de leitura. A grande maioria dos exames de vestibular contam com questões de interpretação e é bem possível integraresse tipo de atividade com a característica comunicativa que a aquisição de linguagem possui. A leitura pode servir como plano de fundo para uma atividade mais interativa e dinâmica em que os alunos podem debater pontos de vista, realizar apresentações para expressarem suas versões da leitura, tudo feito com a utilização do idioma alvo. Ou seja, das quatro habilidades, três são trabalhadas (reading, speaking, listening), sendo que, para o caso dos vestibulares, a leitura, em conjunto com a interpretação, estarão presentes nas aulas.

Com muitas escolas se auto promovendo, alegando a formação completa de seus alunos, seria muito legal que a língua estrangeira também fizesse parte desse processo para que o aluno não precise esperar arrumar um emprego para então a empresa exigir conhecimento de um segundo idioma, culminando com a procura por outros meios de ensino de língua estrangeira.