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Aulas Bem Estruturadas Te Dão Asas

Eu já comentei em outros artigos sobre a importância de se aderir a estrutura dos 3Ps na realização do lesson plan, mas nunca fui mais ao fundo nesse assunto porque senão isto não seria um simples artigo de 450, 500 palavras, mas sim um livro. No entanto, é possível detalhar essa estruturação com o sistema locutor / inerlocutor de Lecercle e como isso promove a autonomia de nossos alunos – afinal a moda outono / inverno de 2015 é a autonomia.

A estrutura de comunicação de Lecercle (1999) prevê que um locutor utilize sua cognição para organizar sua fala e produzi-la. Toda essa informação linguística – combinação fonética, estrutura sintática, escolha lexical, intenção, etc – chegam até o interlocutor que tem a função de decodificar o que está sendo falado, entender a informação e formar sua réplica assim que chega sua vez de falar. Todo esse sistema transforma o listening em uma habilidade ativa e podemos fazer o mesmo com os alunos em sala da aula (por isso sou insistente em dizer que os professores façam seu plano de aula e não se debrucem em materiais didáticos). Fazer com que os alunos escutem e produzam oferece oportunidade para que eles utilizem suas funções superiores (cognição) para entender o que está sendo falado com eles e produzam, e essa produção é o passo principal para, cada vez mais, fazer com que os alunos tenham liberdade para trabalhar.

A grande sacada para fazermos com que nossos alunos tenham mais e mais autonomia, e autonomia aqui me refiro à utilização da língua inglesa para desempenharem tarefas, é estruturar bem a aula. O Brasil está engatinhando na implementação da cultura student-centered, mas podemos começar a promover essa ideia e a estruturação das aulas em Presentation, Practice e Performance deixa natural a atribuição da liberdade para os alunos realizarem suas tarefas que serão desenvolvidas para atender suas necessidades. Para não deixar este texto muito longo e correr o risco de fazer você dormir ou perder o interesse e ligar a TV – eu, pelo menos, morro de sono quando textos que não são acadêmicos são longos – vou colocar o holofote sobre o último P, a Performance. Essa fase é o momento em que nós professores nos preocupamos em fazer os alunos trabalhar livremente. Debates, role plays, games, etc, são algumas das tarefas que promovem autonomia dos alunos pois, após uma fase de prática, podemos oferecer desafio aos alunos com tarefas em qua a comunicação em inglês seja primordial para que a atividade tenha êxito. Nosso papel nesse momento é prestar atenção no rendimento dos alunos (importante ressaltar que a divisão em grupos, trios ou pares facilita) sem interferência. Afinal de contas, buscamos autonomia e deixar que os alunos falem, ouçam, entendam e resolvam o problema proposto é o objetivo. Se interferirmos, quebramos o propósito.

Claro que abordamos somente um pedaço do lesson plan e muitas outras coisas podem ser feitas nos dois primeiros Ps da aula. No entanto, o que importa é criarmos atividades que sejam relevantes e promovam a autonomia dos alunos na utilização da língua inglesa. Isso só vai ocorrer se tivermos um roteiro pronto, se nós professores sairmos do status quo e tentarmos nos dedicar a fazer os planos de aula, certamente as atividades serão mais frequentemente positivas, pois ninguém conhece melhor o alunos do que o próprio professor.

 

A GPS For The Scavenger Hunt

I am pretty sure that all teachers, and I am one of them, have already used bi-dimensional maps whether they were those fold-up maps, illustrations that were in  textbooks or even a simple map drawing on the board. But, imagine the reaction of a student whose daily routine is all about iPads, Playstations and smartphones. Such map would be really boring to this kid.

That’s exactly when someone might say “map apps are also bi-dimensional. How can they be so different from what has been done in the classroom?”. Well,  many maps nowadays are 3-D which means that teaching directions and even some expressions that are very useful for those who travel often or those who don’t want to get lost when looking for a place or address. As a drilling activity the teacher can design a game in which the classroom becomes a neighborhood and then students are separated in groups. Each group  can be a car, given that every car would have 4 people, then there would be around 10 cars on the “street”. In case there is and odd number of  students, there can also be pedestrians and bikers. The teacher can be a traffic guard controlling the “traffic” so that students respect the rules (all communication must be made in the target language). When students do something other than what they were asked to, the teacher corrects them using the appropriate technique granting the “traffic” flow.

I know I have mentioned Michael Tomasello and his study on language acquisition through its use before. This means that interaction takes an important role in the acquisition process of sintax, phonetics, semantics and pragmatics whereas the brain then has the responsibility of decoding  all these features, thinking, in other words, to produce sppech in an organized manner. I wonder if the proposed activity is aligned with Tomasello’s proposal. Let’s find out. The interaction between student and teacher happens naturally and the fact this is a group activity the Zone of Proximal Development takes place and students can assess one another and communication in the target language (maybe with very few words in Portuguese) stimulates cognition in the acquisition process. Mission accomplished! But what about the map? And what is so techie about it? At the end of the lesson plan there may be a performance activity, when students fly freely, without interference from teachers. Considering a class of Primary school, or maybe the first grades of Secondary, the teacher can suggest a scavenger hunt. The plus here is tat the teacher can hand out GPS devices and set them to English language so that students find their treasure by listening to the directions given by the device.

Almost everyone has seen and used a GPS device. Stepping into a classroom with an activity that requires old fold-up maps is nonsense in a context and reality where students use smartphones and tablets. Doing it so might demotivate students and they are not going to be as engaged as you wanted them to, resulting in a poor performance. Once motivation is zero, then the whole process is disabled. But that is an issue for another post.

Um GPS Para A Caça Ao Tesouro

Tenho quase certeza absoluta de que todos os professores, eu me encaixo perfeitamente nessa lista, já utilizaram mapas bidimensionais quer sejam aqueles dobráveis e impossíveis de redobrá-los como eram, quer sejam ilustrações de mapas em materiais didáticos ou um desenho de um mapa na lousa. Mas, imaginem a reação de um aluno em que sua rotina seja rodeada de tablets, Playstations e smartphones. Acho que esse mapa seria boring pra ele.

É quando alguém pode, então, retrucar: mas os apps de mapas também tem duas dimensões, como isso pode ser tão diferente do que se é feito? Bem, muitos mapas hoje são em 3D, ou seja, ensinar os pontos cardeais, direção e até mesmo ensinar algumas expressões muito úteis para quem viaja sempre ou para quem não quer se perder ao procurar por algum lugar. Como atividade de fixação (ou drilling) o professor pode criar uma brincadeira em que a sala de aula é um bairro e dividir os alunos em grupos. Cada grupo pode ser um carro, supondo-se que cada carro teria 4 alunos, então uns 10 carros estariam na rua. Se o número for ímpar, podem-se ter pedestres e biciletas. O professor fica de fiscal do trânsito e vai fornecendo comando para que os alunos respeitem (claro, toda a comunicação deve ser feita no idioma alvo). Quando os alunos fazem algo diferente do que o “policial” pediu, o professor corrige, utilizando a técnica mais adequada, e o trânsito continua.

Sei que já mencionei Michael Tomasello e seu estudo sobre a aquisição da linguagem através de sua utilização. Ou seja, a interação tem papel fundamental na aquisição sintática, fonética, semântica e pragmática enquanto que o cérebro tem a responsabilidade de decodificar tudo isso, pensar, de maneira mais simplória, para produzir a fala de maneira mais adequada que o momento pede. Será que a atividade de fixação engloba essa nova corrente linguística? A interação aluno/professor acontece naturalmente e o fato de a atividade ser em grupo, a Zona de Desenvolvimento Proximal entra em cena e os alunos podem ajudar uns aos outros. O fato de a comunicação ser feita na língua alvo (ou no máximo com pouquíssimas palavras em português) estimula a cognição no processo da aquisição. Meta atingida! Mas e o mapa, a tecnologia? Todo final de lesson plan requer uma atividade de performance em que os alunos voam livremente, sem interferência do professor. Considerando uma turma do Ensino Fundamental I, talvez quarto ou quinto ano, o professor pode preparar uma Caça ao Tesouro. A diferença é que o professor pode selecionar os GPSs para língua inglesa e para os alunos chegarem ao seu tesouro eles devem ouvir e entender as direções dadas pelo aparelho.

GPS, quase todos os alunos já viram e muitos já sabem como utilizar esse aparelho. Aparecer em sala de aula com uma atividade que se utilize aqueles mapas antigos de papel dobráveis é ficar totalmente distante do contexto e da realidade dos alunos. Isso poderá desmotivar e os alunos não irão ficar engajados, resultando numa péssima qualidade de performance. Se a motivação é zero, então todo o processo se anula. Mas isso é assunto pra outro artigo.